A economia brasileira terminou o ano de 2019 com uma recuperação lenta da atividade econômica. O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, teve alta de apenas 1,1% em 2019, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (4). É o terceiro ano seguido que o Brasil cresce cerca de 1%.
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No ano, o PIB brasileiro totalizou R$ 7,3 trilhões. Já o PIB per capita ficou estagnado em R$ 34.533, com alta de só 0,3%.
Trata-se do crescimento mais baixo do que o registrado nos dois anos anteriores, quando a economia brasileira cresceu 1,3% em 2017 e 2018. É, portanto, a menor taxa de expansão desde o fim da última recessão . Em 2015 e 2016, o PIB recuou 3,5% e 3,3%, respectivamente.
O resultado de 2019 veio dentro das expectativas mais recentes dos analistas, que previam uma alta de 1,1%. No início do ano passado, porém, havia a previsão de crescimento de 2%, com a aprovação da reforma da Previdência - o que acabou ocorrendo em outubro - e outras medidas de estímulo econômico.
Do lado da demanda, o consumo das famílias (que é um dos pilares da economia brasileira, representando 65% do PIB) avançou 1,8% em 2019, na comparação com o ano anterior.
Os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) subiram 2,2% no último ano. O IBGE aponta a redução da taxa básica de juros, a Selic , e a liberação de recursos do FGTS como influenciadores para a alta do indicador.
Dentro dos investimentos, no ano passado, a maior contribuição ficou na conta do setor de construção. Sua participação respondeu por 44% do total do avanço.
Nas contas do setor externo, as exportações caíram 2,5% em 2019, ano marcado pela guerra comercial entre China e Estados Unidos e a crise econômica da Argentina, principal parceiro econômico do Brasil na América Latina.
Os destaques negativos foram a indústria automotiva (que tinha na Argentina o principal canal de escoamento da produção), minerais metálicos e máquinas e equipamentos.
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Do outro lado, as importações subiram 1,1% em 2019 na comparação com 2018. Os destaques ficaram por conta de materiais elétricos, produtos químicos e metalurgia.
Retração na indústria extrativa
Pelo lado da oferta, o PIB foi influenciado pelo desempenho positivo do setor de serviços, responsável por 74% do PIB brasileiro. No ano, o grupo avançou 1,3%, impulsionado pelos efeitos da liberação dos saques do FGTS em grupos como informação e comunicação (4,1%), atividades imobiliárias (2,3%) e o comércio atacadista e varejista (1,8%).
Já a indústria avançou 0,5% no ano, impulsionado pelo desempenho da construção civil, que começou a recuperar os dados positivos em 2019. O setor cresceu 1,6% em 2019, puxado principalmente pelo setor de edificações imobiliárias.
A indústria de transformação (0,1%) e extrativa (-1,1%) tiveram resultado negativo no ano, influenciado pelos efeitos da queda da barragem da Vale, em Brumadinho (MG) e da crise econômica da Argentina, principal parceiro externo comercial do país.
Quarto trimestre avança 0,5%
No último trimestre do ano, a economia brasileira cresceu 0,5%, na comparação com os três meses encerrados em setembro, segundo o IBGE.
Para este ano, o mercado já começa a reagir com pessimismo aos possíveis efeitos da epidemia do coronavírus na economia brasileira. Nas últimas quatro semanas, analistas reduziram três vezes a previsão de crescimento doméstico, hoje em 2,17%, segundo o Boletim Focus , do Banco Central.
A expectativa do mercado é que o crescimento fique abaixo de 2%, deixando o país cada vez mais próximo do 1% pelo quarto ano consecutivo.
Na conta da expectativa mais pessimista estão a menor atividade na China, epicentro do surto, o que deve afetar as compras chinesas de matérias-primas de países fortes no agronegócio, como o Brasil.
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Além disso, a paralisação de fábricas chinesas devido à epidemia tem levado a problemas de abastecimento de insumos no Brasil, o que pode comprometer o desempenho da já combalida indústria nacional em 2020.