Mais de 75 mil pessoas foram infectadas na China continental e mais de 2 mil morreram
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Mais de 75 mil pessoas foram infectadas na China continental e mais de 2 mil morreram

Desde o primeiro dia que o surto de coronavírus na China atingiu os mercados financeiros globais, as empresas brasileiras exportadoras de commodities perderam R$ 47,709 bilhões em valor de mercado. Em meio as incertezas sobre o impacto que a doença causará à economia mundial a longo prazo, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso oficial de coronavírus no Brasil, na manhã desta quarta-feira (26).

No Brasil, a Petrobras já adiantou que o resultado financeiro da companhia no primeiro trimestre deverá ser impactado, principalmente em razão da queda no preço internacional do petróleo. Atualmente, cerca de 65% do petróleo produzido pela Petrobras é vendido para a China.

A empresa garantiu também  que até o momento a demanda da companhia não foi prejudicada, já que as cargas previstas para o mercado chinês estão embarcando normalmente.

Nesta quarta, a  Bolsa brasileira voltou do feriado de Carnaval com forte queda. O Ibovespa despencou mais de 5%, a 107.851 pontos, menor patamar desde novembro.

A queda é a maior desde o Joesley Day, quando a Bolsa caiu 8,8% após divulgação de uma gravação comprometedora entre o presidente e o empresário Joesley Batista, em maio de 2017.

De acordo com o analista de investimentos Gustavo Almeida a queda da bolsa não pode ser associada diretamente com a confirmação do primeiro caso do vírus no Brasil. Para ele, o índice é reflexo das quedas globais nos últimos dias,  devido ao avanço do coronavírus na Europa. "Nesse primeiro momento não é o caso brasileiro que impacto o mercado local. Nos últimos dias a nossa bolsa estava fechada por causa do feriado e ao redor do mundo, já existia uma desaceleração. Mas a bolsa no Brasil caiu até menos do que o mercado esperava", diz o analista.

Após meia hora da abertura das negociações no Brasil, a retração havia se estabilizado na casa de 4,9%. Foram negociados R$ 3,3 bilhões nos 30 primeiros minutos do pregão.

O número de pessoas infectadas com coronavírus em todo mundo subiu para 80.998, com casos registrados em 33 países, mas a Organização Mundial da Saúde voltou a afirmar hoje (26) que não há motivo para pânico.

Juros no Brasil


No início de fevereiro, o Banco Central reduziu a taxa de juros brasileira para 4,25% ao ano, o menor patamar da história. Em março, haverá outra reunião para definir os rumos da taxa, e o consenso entre analistas, por enquanto, é que o BC deixará o juro aonde está.

Mas, o que os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) escreveram é que o prolongamento do surto de coronavírus teria impactos sobre commodities e importantes ativos financeiros.

O economista William Teixeira diz que o cenário global com o coronavírus pode trazer novos impacto para a taxa de juros no Brasil e na projeção do PIB. "Os governos ao redor do mundo estão se mobilizando para diminuir esse impacto e estimular o mercado. Se a gente sentir ameaça e retração nas projeções, o governo pode continuar no processo de corte de juros no País", analisa. 

PIB do Brasil

As preocupações em torno dos impactos do coronavírus na economia global também tem pesado nas revisões nas projeções para o crescimento da economia brasileira em 2020.

O mercado brasileiro reduziu para 2,23% a previsão a alta do PIB em 2020, segundo a última pesquisa Focus divulgada.

Ainda de acordo com o economista William Teixeira, a economia global deve afetar o Brasil, principalmente o mercado chinês, que é um importante comprador de commodities brasileiras como minério de ferro e soja. J á há relatos de de falta de peças para a montagem de produtos, em razão da interrupção da produção e redução dos estoques na China.

"No Brasil, o principal impacto será para empresas de commodities que devem sofrer um pouco mais", frisou Teixeira. 

Produção de celulares suspensa em fábricas do Brasil

A fábrica da LG em Taubaté (SP) e as fábricas da Samsung e da Motorola na região de Campinas tiveram produção suspensas, por falta de componentes eletrônicos que deveriam vir da China.

A China é a principal fonte de componentes do Brasil. De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), metade das empresas já têm problemas no recebimento de materiais da China.

Cenário global

Os ministros das Finanças do G-20 e presidentes de bancos centrais declararam que coronavírus constitui novo risco para a economia global e concordaram em adotar políticas adequadas. A reunião de dois dias foi realizada na Arábia Saudita e terminou no último domingo com a divulgação de declaração conjunta.

O documento prevê que o crescimento global se elevará moderadamente em 2020 e 2021. Menciona também riscos de queda provenientes de tensões geopolíticas e comerciais, além de incertezas sobre políticas públicas. A declaração se refere ainda à crescente preocupação sobre a propagação do coronavírus.

Depois da reunião, Haruhiko Kuroda, presidente do Banco do Japão, disse que se preocupa com o possível impacto do coronavírus sobre a economia e mercados financeiros do país. Ele prometeu adotar todas as medidas necessárias.

Alguns investidores e economistas estrangeiros manifestaram preocupação com o impacto negativo do coronavírus sobre a economia japonesa e estão monitorando atentamente a resposta do governo.

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