Após dois dias de fechamento por conta do feriado de carnaval, os mercados brasileiros reabriram nesta quarta-feira (26) com o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de São Paulo, registrando uma forte queda de 5,21%, aos 107.753 pontos. No câmbio, o dólar comercial é negociado com alta de 1,24%, a R$ 4,418, recorde de cotação intradiária.
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O comportamento da Bolsa local segue a tendência observada desde a última segunda em todo o mundo. Na Europa, na Ásia e em Wall Street, os principais índices registraram forte desvalorização após o coronavírus ter se espalhado de forma rápida para fora da China, causando mortes em países como Irã, Itália e Coreia do Sul.
No Brasil, o ministério da Saúde confirmou a primeira infecção por Covid-19 (a doença causada pelo novo coronavírus ). Os analistas avaliam que este fato, junto com todo o comportamento global, tende a penalizar o mercado e a economia brasileiros.
"A situação ficou pior do que já estava. A economia global está afetada, as commodities estão caindo e as exportações para a China tende a ser mais reduzidas ainda", avalia Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs. "Todo esse arcabouço afeta as exportações brasileiras, sejam aquelas que vão para Pequim ou não, uma vez que os produtos serão vendidos por um preço menor devido à queda das commodities".
Por exemplo, o barril de petróleo tipo Brent cai 0,66% nesta sessão, sendo negociado a US$ 54,58. No ano, a desvalorização chega a 17,3%.
Já prevendo uma distorção forte no câmbio, antes da abertura dos negócios no Brasil o Banco Central (BC) anunciou um leilão extraordinário de 10 mil contratos de swap cambial, no valor de US$ 1,5 bilhão para esta sessão. A última vez que a autoridade monetária atuou no câmbio foi quando a divisa americana chegou a R$ 4,38.
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Redução de fluxo
O economista do Goldman acrescenta que, embora o primeiro caso brasileiro tenha sido confirmado, ainda não é possível definir a extensão da doença em território nacional, o que gera ruído entre os investidores.
Além disso, ele destaca que as medidas de contenção adotadas pelos países que já enfrentam problemas mais graves de saúde pública por conta do Covid-19 são restritivas, impactando na atividade econômica:
"Autoridades internacionais já pediram para a população ficar em casa, fecharam estradas e até estenderam feriados e a volta às aulas. Essa restrição social causa rupturas e influencia negativamente nos fluxos econômicos", diz.
Na Europa, as Bolsas seguem em trajetória de queda nesta quarta, embora com um ímpeto de perdas bem menor do que aquele observado na última segunda, quando as perdas superaram 3%.
Em Londres (FTSE 100) e em Paris (CAC), os índices sobem 0,19% e 0,2%, cada. Epicentro dos casos de Covid-19 na Itália e capital financeira do país, o índice FTSE MIB da Bolsa de Milão ensaia recuperação nesta sessão, subindo 1,35%. Em Frankfurt, o DAX opera com perdas de 0,1%.
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Já em Wall Street, os ganhos são mais amplos. Após dois pregões em queda, o Down Jones tem ganhos de 1,26%. S&P (mais amplo) e Nasdaq (tecnologia) avançam, respectivamente, 1,21% e 1,61%.