PEQUIM - O crescimento econômico da China desacelerou durante a maior parte de 2019, em meio a guerra comercial com os Estados Unidos e afetada pela queda do consumo interno.
Dados divulgados nesta sexta-feira (17), no entanto, mostram que a segunda maior economia do mundo terminou o ano em uma nota mais firme à medida que as tensões comerciais diminuíram, sugerindo que uma série de medidas de estímulo ao crescimento nos últimos dois anos pode finalmente estar começando a se firmar.
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Depois de perder o fôlego nos três primeiros trimestres do ano, o Produto Interno Bruto ( PIB
) do quarto trimestre aumentou 6,0% em relação ao ano anterior, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas, mantendo-se no mesmo ritmo do terceiro trimestre, embora ainda seja o mais fraco em quase três décadas.
Isso deixou o crescimento do ano inteiro em 6,1%, a menor taxa anual de expansão da China desde 1990. Os analistas esperavam que ela esfriasse de 6,6%, em 2018, para 6,1%.
Fontes políticas disseram à Reuters que Pequim planeja estabelecer uma meta de crescimento econômico menor de cerca de 6% este ano, ante os 6 a 6,5% do ano passado, contando com o aumento dos gastos em infraestrutura para evitar uma desaceleração mais acentuada.
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Trimestralmente, a economia cresceu 1,5% em outubro-dezembro, também em linha com as expectativas e no mesmo ritmo dos três meses anteriores.
De acordo com Ning Jizhe, representante do Escritório de Estatísticas, a economia do país manteve um crescimento sustentado no ano passado.
- No entanto, devemos estar atentos para o fato de que a economia mundial e o crescimento do comércio estão desacelerando - alertou em entrevista coletiva. - O surgimento de múltiplas fontes de instabilidade e riscos faz com que a economia enfrente uma "desaceleração crescente- ressaltou.
Os dados foram divulgados após a assinatura da primeira fase do acordo comercial entre o presidente americano Donald Trump e o vice- primeiro-ministro chinês Liu He , na quarta-feira, em Washington.
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O pacto inclui o compromisso da China de aumentar suas compras de bens e serviços dos Estados Unidos no valor de US$ 200 bilhões em dois anos. Em troca, os Estados Unidos se comprometeram a reduzir algumas das tarifas impostas à China.
Nova normalidade
O Banco Mundial assegurou em um relatório este mês que o enfraquecimento das exportações na China agravou o impacto da queda da demanda doméstica.
As incertezas políticas e o aumento das tarifas de exportação para os Estados Unidos também têm impacto na atividade industrial e na percepção dos investidores, acrescentou.
Os dados mais recentes sobre o crescimento da produção industrial chinesa mostram um crescimento de 5,7% no ano passado, em comparação com 6,2 no ano anterior. As vendas no varejo cresceram 8,0%, ante 9,0% em 2018.
Analistas apontam que a desaceleração econômica da segunda potência é estrutural. Tornando-se uma economia mais desenvolvida, enfrenta desafios demográficos, como a redução do número de pessoas em idade ativa.
Louis Kuijs, chefe do setor asiático da Oxford Economics, disse à agênica de notícias France Presse que a desaceleração faz parte de uma "nova normalidade".
Também considera improvável uma mudança na política econômica, dada a melhora nas previsões externas após a primeira fase do acordo econômico e outros sinais de estabilização.
Pequim prefere conduzir uma política de estabilização do que uma política de promoção do crescimento, prevê.
- O que eles não querem é um freio rápido - disse ele.
Novas medidas de estímulo
Após a divulgação do resultado do PIB, o chefe do departamento de estatísticas do país disse que a China vai manter uma política fiscal proativa e uma política monetária prudente em 2020 e lançará mais medidas de apoio este ano uma vez que a economia enfrenta pressão negativa.
Em entrevista coletiva em Pequim, Ning Jizhe, chefe da Agência Nacional de Estatísticas da China, disse que a segunda maior economia do mundo não busca deliberadamente alto crescimento econômico e é normal que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) flutue.
Também nesta sexta-feira, Wang Chunying , porta-voz do órgão regulador de câmbio do pais disse que a China melhorará seu regime do iuan e tornará a moeda mais flexível.
"A conta corrente deve manter um pequeno superávit este ano e o mercado de câmbio permanecerá estável e equilibrado em geral", disse a porta-voz durante uma entrevista coletiva.