Substância tóxica foi encontrada em garrafas de cerveja; responsabilidade de empresa ainda não definida pela polícia
Backer/Divulgação
Substância tóxica foi encontrada em garrafas de cerveja; responsabilidade de empresa ainda não definida pela polícia

A Cervejaria Backer foi notificada, nesta sexta-feira, pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a prestar esclarecimentos no prazo de dois dias úteis sobre a contaminação de dois lotes de cerveja Belorizontina, com a substância dietilenoglicol .

A empresa está sendo investigada depois de um laudo da Polícia Civil mineira ter relacionado a substância tóxica no produto a morte de uma pessoa e a internação de outros oito consumidores.

No comunicado, a Senacon solicita o recolhimento dos produtos para vistoria e compartilhamento de segredo industrial. A Backer deverá informar ao órgão quais são os estados em que os lotes foram distribuídos e programar uma campanha de recolhimento.

De acordo com assessoria de imprensa da cervejaria, foram produzidos ao todo 66 mil garrafasm 33 mil em cada um dos lotes: L1 1348 e L2 1348. O laudo é preliminar e, segundo a Polícia Civil mineira, ainda não é possível cravar que a responsabilidade seja da cervejaria.

Na última quinta-feira, a Polícia Civil e a vigilância sanitária mineira anunciaram que uma perícia em amostras da cerveja encontrou uma substância tóxica "compatível com os quadros clínicos desenvolvidos por oito pessoas", segundo o jornal "Estado de Minas". Segundo a secretaria de Saúde do estado, o laudo "comprova a presença de substância tóxica em cerveja consumida por pacientes internados em estado grave".

A Polícia Civil de Minas Gerais apontou que os lotes L1 1348 e L2 1348 estavam contaminados com dietilenoglicol, substância usado em serpentinas no processo de refrigeração de cervejas. A empresa produziu 33 mil garrafas em cada uma das remessas.

Em nota, a Backer informou que "a substância não faz parte do processo de produção da cerveja belorizontina". Mas que, "por precaução, os lotes em questão citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado".

A Backer também afirma "estar à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação".

Abracerva diz que é raro cervejarias utilizarem dietilenoglicol

O presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, disse hoje (10) que a substância dietilenoglicol raramente é usada na produção de cervejas.

Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, exames laboratoriais realizados em amostras de dois lotes da cerveja Belorizontina, da fabricante mineira Backer, indicam que o produto pode ter sido contaminado pelo anticongelante, causando a morte de uma pessoa e a internação de sete, em Minas Gerais.

Lapolli observou que, devido a propriedades anticongelantes, o dietilenoglicol costuma ser empregado em sistemas de refrigeração, por vários segmentos produtivos. E que também pode ser encontrado em radiadores de veículos. No entanto, segundo o dirigente da entidade que representa parte dos fabricantes de cerveja, dos fornecedores de matéria-prima e de pontos de venda da bebida, a indústria cervejeira costuma optar por outros produtos.

“Quase a totalidade das cervejarias artesanais utiliza álcool etílico [como anticongelante], ou seja, o álcool puro, que não oferece nenhum tipo de risco de contaminação caso entre em contato com a cerveja”, explicou.

De acordo com Lapolli, as investigações sobre as causas da contaminação, que levou oito pessoas a serem internadas em hospitais da região metropolitana de Belo Horizonte e de Juiz de Fora, com insuficiência renal aguda e alterações neurológicas centrais e periféricas, terão que apontar como e em que momento as cervejas da Backer foram contaminadas pelo dietilenoglicol.

“Essa é uma pergunta que terá que ser respondida, já que a própria cervejaria Backer afirma que não utiliza o dietilenoglicol em sua fábrica”, disse Lapolli.

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