Justiça do Líbano proibiu Carlos Ghosn de deixar o país após interrogatório
Nicolas Tavares/iG Carros
Justiça do Líbano proibiu Carlos Ghosn de deixar o país após interrogatório

A Justiça libanesa proibiu o ex-titã da indústria automobilística Carlos Ghosn de abandonar o país, após ele ser interrogado pela Procuradoria Geral em consequência da ordem de prisão expedida pela Interpol, informou uma fonte judicial nesta quinta-feira (9).

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"A Procuradoria Geral adotou uma decisão que proíbe Carlos Ghosn de viajar e pediu seu dossiê judicial ao Japão, onde o ex-empresário foi acusado de sonegação fiscal e má conduta financeira", disse a fonte.

Ghosn estava sendo interrogado no Palácio da Justiça, em Beirute, diante de um oficial do Departamento de Investigações Criminais, o general Maurice Abu Zidan, e sob a supervisão do promotor, disseram a fonte judicial e a agência de notícias estatal. O advogado de Ghosn no Líbano não pôde ser encontrado imediatamente para comentar na quinta-feira.

Ghosn, de 65 anos, fugiu do Japão para o Líbano, onde viveu durante sua infância, no fim de dezembro, enquanto aguardava julgamento por acusações de subnotificação de lucros, quebra de confiança e apropriação indébita de fundos da empresa, o que ele nega.

Na quarta, em sua primeira entrevista coletiva concedida após deixar o Japão, o brasileiro, que também tem nacionalidade francesa e libanesa, disse que havia escapado para o Líbano para limpar seu nome e estava pronto para ser julgado em qualquer lugar que pudesse obter uma audiência justa.

Em entrevista a Roberto D´Ávila, na GloboNews , na noite de quarta-feira, Ghosn afirmou que, embora esteja planejando ficar no Líbano por um longo período após sua fuga espetacular do Japão , não descarta viajar para o Brasil em algum momento no futuro. Sua equipe jurídica está pressionando para que ele seja julgado no país, que não extradita seus cidadãos.

Além do mandado da Interpol , Ghosn está sendo interrogado por uma queixa legal formal apresentada contra ele por um grupo de advogados libaneses que o acusam de ter contato com Israel por causa de uma visita de negócios que ele fez em 2008.

Na quarta, ele explicou também que fez a viagem como cidadão francês e executivo da Renault para assinar um contrato com uma empresa israelense apoiada pelo Estado para vender carros elétricos, e foi obrigado a ir por ordem do Conselho da montadora francesa.

Ghosn acrescentou que pediu desculpas pela viagem e disse que não pretendia ferir o povo do Líbano, que considera Israel um estado inimigo.

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Durante a visita, Ghosn conheceu o ex-primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, que era a principal figura do governo na época da guerra de 2006 entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã. Quase 1.200 libaneses, a maioria civis, morreram na guerra de 2006 e 158 pessoas morreram em Israel, a maioria soldados.

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