No ano o dólar acumula alta de 8,56% sobre o real
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No ano o dólar acumula alta de 8,56% sobre o real

Com as negociações comerciais entre China e EUA a passos lentos, o dólar comercial fechou em alta nesta segunda-feira e atingiu novo valor máximo desde o início do Plano Real . A moeda americana fechou cotada a R$ 4,206, uma alta de 0,32%, superando a máxima histórica que era de 13 de setembro de 2018, quando encerrou negociado a R$ 4,195.

Na quinta-feira passada, antes do feriado da Proclamação da República, o dólar comercial já havia tocado nos R$ 4,20, mas recuou para R$ 4,192 no fechamento da sessão. Para Ricardo Gomes, diretor da Correparti, corretora de câmbio, há muitos fatores pressionando a moeda americana atualmente.

"A demora para que EUA e China fechem a primeira fase do acordo comercial, a instabilidade política na América do Sul e a remessa de lucros de empresas instaladas no Brasil para suas matrizes pressionam a moeda americana", explica Gomes.

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Ele observa que desde a quarta-feira passada aumentou o fluxo de remessa de lucros de multinacionais instaladas por aqui para suas matrizes. Além disso, lembra, esta semana é mais curta por conta do feriado da Consciência Negra, em São Paulo, o que leva muitos investidores a tomarem posições mais defensivas, comprando dólar. A moeda ameriacana também se valorizou frente às principais divisas de países emergentes, ligadas a commodities.

Gomes lembra que quando o dólar tocou os R$ 4,20, no ano passado, o Banco Central interveio com venda de contratos de swap cambial, equivalente à venda de dólares no mercado futuro.

"As notícias a respeito do acordo EUA-China são contraditórias. As discussões giram em torno das tarifas que os EUA estão impondo aos produtos chineses e também há controvérsia em relação ao reconhecimento de algumas medidas de propriedade industrial pela China. Também ainda não há confirmação de que a China aumentará suas compras de produtos agrícolas americanos. Por isso, o mercado anda de lado e só observa o que vai acontecer", analisa Luiz Roberto Monteiro, operador da corretora Renascença.

Trump afirmou durante a tarde que não haverá reversão de tarifas já impostas aos chineses, o que azedou o humor do mercado.

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Na Bolsa de Valores, o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, se manteve no campo positivo durante amaior parte do dia, mas inverteu o sinal na reta final do pregão. O Ibovespa fechou com queda de 0,33% aos 106.914 pontos, seguindo as bolsas americanas. Os principais índices acionários dos EUA iniciram o dia positivos, indicando otimismo com as negociações entre o governo dos EUA e a China. Mas inverteram o sinal ao longo da sessão, após relatos de que as autoridades chinesas estão pessimistas sobre os progressos da primeira fase do acordo comercial.

A rede de tevê CNBC informou que o clima em Pequim mudou por causa da relutância do presidente americano, Donald Trump, em retirar tarifas de produtos que a China acreditava que os EUA haviam concordado em remover. A notícia reverteu o otimismo visto no início do dia.

A sessão foi marcada pela forte alta das ações da Marfrig após a empresa elevar participação na norte-americana National Beef. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Marfrig sobem 5,46% a R$ 11,01, após a empresa informar que fechou acordo para aumentar a participação no capital social da sua controlada americana National Beef de 51% para 81,73%, por US$ 860 milhões.

Em nota enviada a clientes mais cedo, a equipe da Ágora Investimentos ressaltou que, na última sexta-feira, quando a bolsa brasileira permaneceu fechada em razão de feriado da Proclamação da República, os índices acionários nos Estados Unidos renovaram máximas históricas. POr isso, segundo operadores, o Ibovespa ainda se mantém no campo positivo como reflexo de ajustes nos ADRs (ações de empresas brasileiras negociadas na Bolsa de Nova York).

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Do cenário doméstico, a Ágora também chama a atenção para a semana mais curta para a bolsa brasileira, com feriado de Zumbi na quarta-feira na cidade de São Paulo, onde fica a sede da B3. O feriado deve reduzir o número de negócios na semana.

Para Jefferson Laatus, estrategista-chefe do grupo Laatus, o dólar continua pressionado devido ao momento de incerteza dos mercados globais, mas há também a situação política de países da América Latina e fatores internos.

"Há preocupações com Hong kong, onde a situação só se agrava. Isso preocupa porque em algum momento Pequim pode acabar intervindo, o que seria um problema. A China atravessa um momento delicado na relação comercial com os americanos e quando tudo parece caminhar para um acordo, os EUA mudam as regras, o que tem preocupado bastante. Além disso, há as instabilidades na América Latina, que podem contaminar o mercado. E, em novembro sempre há uma grande remessa de dólares das filiais para as matrizes das empresas, o que pressiona a moeda americana", diz Laatus.

O Banco Central ofertou nesta sessão até 12 mil contratos de swap cambial reverso e até US$ 600 milhões em moeda. Adicionalmente, a autarquia também ofertará contratos de swap tradicional, para rolagem do vencimento janeiro de 2020, em caso de colocação parcial ou de não colocação de swaps reversos e dólar à vista.

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