Após o fechamento com leve queda na véspera, o dólar comercial voltou a operar pressionado nesta quarta-feira (25). A moeda americana avança 0,52%, negociada a R$ 4,192. O que explica este comportamento do câmbio é a abertura do processo de impeachment contra o presidente americano Donald Trump e o adiamento da votação da reforma da Previdência no Senado.
Na véspera, a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, abriu um inquérito formal contra o mandatário americano. De acordo com Nancy, o que motivou este processo, que pode resultar no impedimento de Trump,
foram as denúncias de que ele teria pressionado a Ucrânia para investigar o político Joe Biden, que foi vice de Barack Obama e é um possível adversário de Trump nas eleições de 2020.
Internamente, a votação da Previdência em primeiro turno no Senado foi adiada para a próxima semana
. A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, Simone Tebet (MDB-MS), assegurou, porém, que o prazo de 10 de outubro para a conclusão do processo no Senado será mantido.
"O ponto mais importante para a agenda brasileira é a reforma. Os investidores aguardam uma mudança na Previdência há muito tempo. No último governo ela nem chegou a ser debatida em sua totalidade. Quando eles vêem estes movimentos que podem atrasar o calendário, o reflexo é esse estresse no câmbio", destaca Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset. "Quando há desconfiança por parte do investidor estrangeiro, eles retiram dólar do Brasil, o que faz a cotação subir".
Embora o adiamento no calendário da reforma tenha sido comunicado pelo Senado na véspera, a notícia veio na esteira do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Sendo assim, a mudança nas datas ficou ofuscada. Os investidores repercutem com mais força o calendário nesta quarta.
No exterior, as bolsas da Ásia fecharam em queda em meio as discursos mais duros entre China e EUA. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,8%. Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 0,36%.
Trump repreendeu as práticas comerciais chinesas durante discurso na Assembleia Geral da ONU, dizendo que não aceitaria um "acordo ruim" nas negociações comerciais com a China. O principal diplomata da China reagiu às críticas, dizendo que Pequim não tem a intenção de "jogar Game of Thrones" e respeitará os interesses dos EUA, mas não será ameaçada no comércio ou permitirá interferências em seus assuntos, incluindo Hong Kong.