EUA suspenderam tarifas sobre mais de 400 produtos chineses
Shealah Craighead/Official White House
EUA suspenderam tarifas sobre mais de 400 produtos chineses

No mesmo dia em que disse que seu governo estava "fazendo muito progresso" com a China, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu temporariamente, nesta sexta-feira (20), as tarifas sobre centenas de produtos chineses importados, amenizando sua posição no conflito comercial antes das negociações do mês que vem.

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Embora a decisão tenha ajudado a impulsionar as bolsas de valores, Trump declarou pouco depois não precisar de um acordo com a China antes das eleições presidenciais de 2020.

"Não estou procurando um acordo parcial. Quero um acordo completo", declarou à imprensa. "Não acho que precise antes da eleição. Poderia ser feito rapidamente, mas não seria o acordo correto. Tem que fazer as coisas direito. É um acordo complicado, especialmente na proteção à propriedade intelectual", acrescentou o presidente norte-americano.

Falando a repórteres em uma reunião da Casa Branca com o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, Trump disse que os Estados Unidos estavam recebendo bilhões de dólares em tarifas impostas a produtos chineses, acrescentando que o total chegaria a US$ 100 bilhões. "Vou dizer o seguinte: estamos fazendo muito progresso com a China", disse Trump.

Essa foi a terceira vez desde agosto que Trump decidiu adiar ou remover tarifas sobre as importações chinesas antes da temporada de compras no fim de ano. Nesta sexta, o gabinete do Representante de Comércio dos Estados Unidos emitiu três avisos do Federal Register isentando uma ampla gama de produtos das tarifas, em resposta a pedidos de empresas americanas, que argumentavam que os impostos causariam dificuldades econômicas.

São 437 produtos isentos, que variam de placas de circuito para processadores de computação gráfica a coleiras para cães, pisos laminados de madeira e luzes de Natal. As mercadorias abrangem ainda vigas de aço, bombas, filtros, empilhadeiras, equipamentos mecânicos e suprimentos para animais de estimação.

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Observadores em Pequim disseram que as novas isenções de tarifas são um sinal bem-vindo, mas as negociações comerciais permanecem em situação delicada. "As isenções são vistas como um sinal de boa vontade da China", disse no Twitter, nesta sexta-feira, Hu Xijin, editor do influente tabloide estatal Global Times. "A interação da boa vontade entre a China e os EUA ainda é frágil."

Negociações em andamento

Negociadores chineses e norte-americanos estão em seu segundo dia de conversas, que devem se concentrar fortemente na agricultura e estabelecer as bases para negociações de alto nível no início de outubro, as quais vão determinar se os dois países estão trabalhando em direção a uma solução ou caminhando para tarifas novas e mais elevadas sobre os bens um do outro.

Uma delegação de cerca de 30 autoridades chinesas, liderada pelo vice-ministro das Finanças, Liao Min, se encontrou com colegas no escritório do Representante de Comércio dos EUA perto da Casa Branca. O vice-representante de Comércio dos Estados Unidos, Jeffrey Gerrish, liderou a delegação dos EUA.

Os Estados Unidos estão pedindo que a China aumente substancialmente as compras de soja americanas e outras commodities agrícolas, disse à Reuters uma pessoa com conhecimento das discussões planejadas. Autoridades da delegação chinesa visitarão regiões agrícolas dos EUA com colegas norte-americanos na próxima semana, em um gesto de boa vontade.

No entanto, o governo Trump e o Partido Comunista da China permanecem distantes em questões que são a base de sua disputa comercial, com os EUA classificando algumas empresas estatais como risco à segurança nacional e Pequim se recusando a reformular seu modelo econômico, eliminando subsídios para empresas estatais.

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Especialistas em comércio, executivos e autoridades governamentais de ambos os países dizem que, mesmo que as negociações de setembro e outubro produzam um acordo provisório, a guerra comercial EUA-China escalou para uma batalha política e ideológica que é muito mais profunda do que as tarifas e pode levar anos para ser resolvida.

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