![presidente da CAIXA, Pedro Guimarães anuncia nova linha de crédito para casa própria com reajuste pela inflação presidente da CAIXA, Pedro Guimarães anuncia nova linha de crédito para casa própria com reajuste pela inflação](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/43/cd/dr/43cddrzojthecdhgv5wijzf4z.jpg)
A Caixa anunciou nesta terça-feira uma nova linha de crédito para compra da casa própria reajustado pela inflação. Segundo o banco, a vantagem para o consumidor é que os juros são mais baixos do que os praticados hoje pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Os juros mais baixos, porém, não garantem, segundo o advogado e presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG, Kênio Pereira, que o valor final pago ao final do financiamento será menor.
Caixa lança financiamento da casa própria corrigido pela inflação
“Hoje o reajuste é feito pela TR, que está há mais de oito anos em praticamente zero. Já no caso do IPCA
, corre o risco da parcela subir significativamente, já que os contratos são de longo prazo, de 20 a 30 anos”, alerta o advogado.
Hoje, os juros praticados nos contratos de financiamento imobiliário assinados com a Caixa ficam entre 8,75% e 9,75% ao ano mais Taxa Referencial (TR) nas suas principais linhas de crédito imobiliário, para compra de imóveis novos ou usados. A TR atualmente está zerada, ou seja, não gera, atualmente, reajuste na parcela do financiamento.
Na nova modalidade, os juros serão a partir de 2,95% e no máximo 4,95%, com reajuste baseado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, o índice oficial da inflação no Brasil. A previsão é que o IPCA feche 2019 a 3,71%. A novidade pode fazer com que o reajuste do financiamento ocorra todo mês , uma vez que será recalculado mensalmente incluindo o IPCA.
Inflação
A questão é se, no longo prazo, a inflação do País ficará controlada. Para o professor de economia do Ibmec-BH, Fellipe Leroy, a pessoa que for comprar um imóvel deve considerar o risco do saldo devedor crescer descontroladamente caso a meta inflacionária não seja respeitada.
“Não é possível dizer que isso vai acontecer ou não nos próximos 20 ou 30 anos. Vai depender de termos um governo responsável. Mas temos que lembrar que o Brasil trabalha hoje com uma meta inflacionária controlada pela autoridade monetária”, pondera.
O professor ainda lembra que a TR, que é uma taxa definida pelo Banco Central, também pode mudar. “A TR pode ser alterada com uma 'canetada', já a meta da inflação, se não for respeitada pode colocar a economia do País como um todo em risco˜, avalia Leroy.
Segundo o Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira, as estimativas para o IPCA nos próximos anos são 3,9%, em 2020, 3,75%, em 2021, e 3,5%, para 2022.
Já a meta da inflação , definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,5% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Fator social e bancos
A manutenção da TR em níveis próximos de zero, segundo o advogado Kênio Pereira, estava ligado ao fator social do financiamento imobiliário.
“Tanto que é uma taxa utilizada no reajuste da poupança, do FGTS, além do crédito para compra da casa própria. Atrelar o financiamento à inflação retira esse conceito social do financiamento imobiliário e beneficia os bancos”, critica.
Crédito com garantia de imóvel pode chegar a 20% do PIB em 20 anos
Para Felipe Leroy, porém, isso não é necessariamente negativo. Na avaliação do professor, a medida traz mais segurança
para o banco que oferece o crédito.
“Temos um déficit habitacional grande no País. Dar mais segurança às instituições financeiras (utilizando a inflação para reajustar os empréstimos) faz com que os juros praticados sejam reais˜, analisa.
“Isso também pode fomentar o setor da construção civil , que é importante para geração de empregos e aquecimento da economia do País”, acrescenta Leroy.
Para Kênio Pereira, após o anúncio da Caixa, os bancos privados também deverão apresentar linhas de crédito habitacional atreladas à inflação.
![O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni participaram da cerimônia que lançou a nova linha de crédito imobiliário da Caixa O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni participaram da cerimônia que lançou a nova linha de crédito imobiliário da Caixa](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/7q/k7/ds/7qk7dspda00niyyq61b28vja3.jpg)
Entenda
A nova linha de crédito anunciada nesta terça-feira e estará disponível a partir da próxima segunda-feira (26) e terá R$ 10 bilhões
disponibilizados pela Caixa.
Ela pode ser utilizada para novos contratos de compra de imóveis novos e usados para até 80% do valor da compra. O prazo máximo será de 30 anos. A parcela do empréstimo não poderá ultrapassar 20% da renda do consumidor.
A modalidade será facultativa, ou seja, a Caixa deve manter as outras modalidades do SFH e o programa Minha Casa, Minha Vida, que não foi alterado pelo anúncio desta terça-feira.