O ministro da Economia, Paulo Guedes, comentou nesta quinta-feira (15) o resultado das prévias das eleições argentinas ocorridas no último domingo (10), que impuseram derrota com grande margem de votos ao atual presidente Mauricio Macri, e cogitou até mesmo deixar o Mercosul em caso de confirmação do resultado.
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"Quando o Brasil precisou da Argentina para crescer?", questionou Guedes . O ministro disse não se preocupar com a possibilidade do Mercosul adotar nova postura em relação ao mercado mundial a partir de um possível retorno da "esquerda" ao governo.
"Não podemos ficar pendurados na crise da Argentina. O Mercosul, claro, é um veiculo de inserção do Brasil no comércio internacional. Mas, se a (Cristina) Kirchner quiser entrar e fechar a economia deles? Se quiser fechar a gente sai do Mercosul. Se ela quiser ficar aberta? Beleza, continuamos. O Brasil é uma economia continental. Temos que recuperar a nossa economia", disse Guedes, em evento a empresários e investidores promovido pelo banco Santander, em São Paulo.
No domingo, a candidatura de Fernández e Cristina ficou com 47% dos votos nas primárias obrigatórias das eleições argentinas, enquanto a chapa do presidente Maurício Macri, de cunho liberal, ficou com 32% dos votos.
O fraco desempenho de Macri , muito abaixo das previsões de analistas, provocou pânico no mercado financeiro na Argentina e gerou repercussões no Brasil. O risco, para muitos analistas, é o que a volta de Cristina ao poder prejudique a abertura comercial promovida por Macri e, também, o acordo comercial assinado entre Mercosul e a União Europeia , assinado em julho.
O ministro avaliou ainda que o Brasil está preparado para a turbulência global causada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, e agravada entre os países do Mercosul pela incerteza causada pelo resultado pré-eleitoral da Argentina. Para Guedes, a economia brasileira tem uma “dinâmica de crescimento própria” por ser uma das mais fechadas do mundo.
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"Vamos continuar abrindo a nossa economia. Não somos dependentes da crise. Fechamos a nossa economia e por isso somos uma ilha, temos uma dinâmica própria de crescimento", disse o ministro à plateia presente.