O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta sexta-feira (9) que pretende vincular o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Banco Central (BC). O objetivo, segundo ele, é "tirar o Coaf jogo político".
O órgão é hoje subordinado ao Ministério da Economia, de Paulo Guedes , mas no início do governo estava sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, comandado por Sergio Moro.
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"Nós, foi decisão nossa, na MP [Medida Provisória], ir para a Justiça. O Congresso mudou. É natural, em indo para a Economia, ter alguma mudança. Agora, o que nós pretendemos é tirar o Coaf do jogo político. Pretendemos, pretendemos. Vincular ao Banco Central. Aí acaba... Tudo o que tem política, mesmo bem intencionado, sempre sofre pressões de um lado ou do outro. A gente quer evitar isso aí", declarou o presidente.
Na quarta-feira, Guedes reconheceu publicamente que há uma "crise institucional" relacionada ao Coaf e falou em encontrar uma "solução institucional" para o problema, sem apresentar detalhes.
Na quinta-feira, a reportagem do GLOBO apurou que Guedes já externou a interlocutores a intenção de aproveitar o imbróglio para garantir a aprovação da autonomia do BC no Congresso e transferir o Coaf para o escopo da instituição financeira. O objetivo seria transformar o Coaf, hoje alvo de intensas pressões do meio político, em um "órgão de Estado".
Em entrevista na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que a eventual mudança não representa um desgaste nem para ele ou Moro, que estava ao seu lado.
"O Coaf, caso vá para o Banco Central, vai fazer o seu trabalho sem qualquer suspeição de favorecimento político", disse. Questionado se o atual presidente do conselho, Roberto Leonel, escolhido por Moro, seguirá no cargo em eventual transferência para o BC, Bolsonaro disse que essa decisão caberia ao presidente da instituição, o ministro Roberto Campos Neto .
Novo nome
O ministro Paulo Guedes tem sido pressionado a demitir Leonel, que incomodou o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) depois de criticar a decisão do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, que impediu o uso de informações do Coaf em investigações sem prévia autorização judicial.
Depois de se reunir com o presidente do conselho, na quarta, Guedes ressaltou que o Coaf é um órgão de monitoramento e controle, não de investigação.
"Agora, o que parece que ele pretende é ter um quadro efetivo do Coaf, que mudaria de nome inclusive", anunciou Bolsonaro, que disse não saber qual será a nova nomenclatura: "Eu nem casei contigo ainda, você quer arranjar o nome do nosso filho. Dá um tempo aí", respondeu, ao ser indagado por uma jornalista.
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Segundo o presidente, ele hoje poderia pedir para que Moro trocasse a presidência do Coaf (mesmo o órgão estando sob a responsabilidade de Guedes), mas prefere evitar o desgaste.
"A gente chega a um entendimento e tira. A gente quer evitar isso aí. Quanto menos o Estado, a política inteferir no destino do Brasil, eu entendo que seja melhor", concluiu Bolsonaro .