O presidente Jair Bolsonaro ligou nesta sexta-feira (2) para o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães , durante uma entrevista coletiva para que ele pudesse comentar uma reportagem sobre o banco público feita pelo jornal "Estado de S. Paulo". Bolsonaro colocou a ligação no viva-voz para que Guimarães falasse diretamente com os jornalistas presentes, na porta do Palácio da Alvorada.
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Bolsonaro foi questionado sobre uma reportagem do "Estado de S. Paulo" que aponta que a Caixa reduziu a concessão de novos empréstimos para o Nordeste. As operações para a região corresponderiam a 2,2% do total. Segundo o jornal, esse número seria resultado de uma ordem do próprio Pedro Guimarães.
Inicialmente, o presidente da República disse que já havia conversado com o presidente da Caixa e negou que haja uma discriminação com o Nordeste. "Acabei de conversar com ele. Não é isso. Houve um equívoco nessa informação. As prefeituras do Nordeste são as mais inadimplentes, têm mais problemas. Em consequência, a Caixa tem que ter uma garantia para emprestar. A gente não faz discriminação, nem quem é o prefeito, qual partido daquela prefeitura, a gente discrimina. Não é verdade".
Depois, o presidente ofereceu fazer a ligação. "Tem que entrar no particular, a data que entregou, se cumpriu as exigências. Acabei de falar com o Pedro, se você quiser eu posso até botar no viva-voz aqui e ele conversa contigo", afirmou.
Bolsonaro pediu para um auxiliar fazer a ligação e continuou respondendo outras perguntas. Quando foi avisado que Guimarães estava na linha, questionou a ele se poderia colocar no viva-voz.
"Pedro, estou com uma penca de jornalistas aqui, que estão questionando a questão do percentual pequeno de empréstimos para prefeituras da região Nordeste . Posso botar no viva-voz? Viva-voz, Pedro autorizou aqui, para saciar aqui nossa imprensa", disse.
Pedro Guimarães negou então que haja uma ordem para prejudicar o Nordeste. "Não tem nenhuma indicação para não favorecer uma região ou outra. Não existe", afirmou. "Esse ano liberamos muito mais dinheiro esse ano para a região Nordeste. O que acontece é que você tem uma série de esteiras de análise. Neste momento nós estamos analisando inclusive para o estado da Paraíba e para a cidade de São Luiz. Esse 2,2 não é nem algo que nós reconhecemos. Simplesmente pegaram um dado específico, mas vai ser normalizado".
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Bolsonaro, então, encerrou a "entrevista" fazendo uma comparação com os dados sobre desmatamento, que o governo tem questionado. "Tá ok, Pedro. Obrigado. É igual ao desmatamento, aí, valeu, obrigado".