Apesar do corte na taxa Selic anunciado nesta quarta-feira (31) pelo Banco Central (BC), os juros no Brasil ainda estão entre os mais altos do mundo. Segundo levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a taxa brasileira é a sexta maior de um grupo de 37 países, atrás apenas de Argentina, Turquia, México, Rússia e África do Sul.
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Os dados foram compilados pelo economista Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), com base em informações do Banco de Compensações Internacionais (BIS), conhecido como o "BC dos BCs".
Balassiano pontua, no entanto, que o país já esteve quase no topo desse ranking. Em 2016, antes do processo de afrouxamento comandado pelo ex-presidente do BC Ilan Goldfajn, só a Argentina tinha taxa básica de juros maior. Naquela época, a Selic estava em 14,25% ao ano, resultado de um processo de aperto para controlar a escalada da inflação em 2015.
Na avaliação do economista, o corte de 0,5 ponto percentual, que surpreendeu parte dos analistas do mercado financeiro, pode ter um impacto na atividade econômica. Balassiano destaca que o BC sinalizou que novas reduções são possíveis e identificou avanço no processo de reformas. No entanto, lembrou que a política monetária não é suficiente para fazer o Produto Interno Bruto (PIB) decolar.
"A redução da taxa básica de juros , bem como a liberalização do FGTS poderão ter um (pequeno) impacto na economia, em termos de crescimento econômico. Porém, além da reforma da Previdência, que já está num estágio mais avançado, outras reformas (como a tributária, melhoria do ambiente de negócios, etc) são necessárias para que o país possa aumentar os investimentos, no menor nível dos últimos 50 anos, crescer mais e de forma mais sustentada, e com isso, gerar mais emprego", destaca o artigo do economista.
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O Copom decidiu nesta quarta-feira reduzir a taxa Selic de 6,5% para 6% ao ano. A decisão foi influenciada pelo avanço das reformas e melhora no cenário, segundo comunicado. O colegiado indicou que pode continuar o processo de estímulo à economia e continuou a recomendar taxas abaixo do nível estrutural — ou seja, num patamar que estimula o crescimento do PIB.