O Banco Central (BC) diminuiu a previsão para o crescimento da economia neste ano de 2% para 0,8%. A projeção, que faz parte do novo relatório trimestral de inflação, reflete a fraca atividade econômica, que não se recuperou como o esperado nos últimos trimestres.
Leia também: Presidente do BC nega chantagem do banco para aprovação da nova Previdência
O Banco Central
cita como fatores que prejudicaram o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) a tragédia em Brumadinho, perspectivas piores para os setores agropecuário e de comércio e serviços. A autoridade monetária prevê ainda que o Brasil terá inflação abaixo de 4% neste e nos próximos dois anos.
A projeção ratifica as previsões de desaceleração da economia em 2019. No ano passado, o PIB cresceu 1,1%. No primeiro trimestre deste ano, o cenário foi de retração: a economia encolheu 0,2%.
O documento também mostra que a estimativa para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), recuou de 3,9% para 3,6% este ano. Essa previsão considera a trajetória estimada pelo Boletim Focus, que ouve semanalmente o mercado financeiro acerca da taxa de juros e de câmbio.
Com base nesse mesmo cenário, o IPCA
atingirá o patamar de 3,9% em 2020, maior que a projeção para o mesmo ano divulgada em dezembro de 2018. Já num cenário que considera a taxa de juros e o câmbio fixos (no mesmo patamar de 6,5% e com dólar a R$ 3,85), a inflação estimada é menor: 3,6% para 2019 e 3,7% para 2020. Essas projeções são mais baixas do que as divulgadas em março, quando a expectativa do BC para a inflação era de 4,1% para 2019 e 4% para 2020.
A meta central de inflação deste ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerância, para mais e para menos, varia de 2,75% a 5,75%. Assim, a indicação é de que o indicador ficará abaixo do centro da meta.
Leia também: Banco Central mantém Selic em 6,5% ao ano, o menor nível da história
Atividade econômica
Para a agropecuária, o BC manteve a projeção de crescimento de cerca de 1% para 2019, como constava no relatório anterior. Já para a indústria, a revisão foi para baixo: o desempenho, estimado em 1,8% para este ano, agora é de 0,2%, frente a recuos em quase todos os segmentos do setor, sobretudo o extrativo - ainda sob incerteza perante os impactos do rompimento da barragem de Brumadinho, da Vale, em Minas Gerais.
No setor de comércio e serviços, as expectativas de crescimento são menores que as divulgadas em março. O BC reduziu a previsão de 2% para 1%.
O BC também prevê um arrefecimento da demanda de consumo das famílias. A estimativa foi revista de 2,2% para 1,4%. A aposta no investimento segue a mesma toada de revisão para baixo: a projeção para o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) recuou de 4,3% para 2,9%, diante do do resultado negativo do primeiro trimestre e da piora dos indicadores de confiança de empresários.
A autoridade monetária voltou a afirmar que a continuidade do processo de reformas é fundamental para a melhora dos indicadores - e para o andamento da política monetária que se seguirá nos próximos meses.
Leia também: Reformas são importantes para a estabilidade, defende ex-presidente do BC
O relatório do Banco Central reitera o comunicado do Comitê de Política monetária (Copom) da semana passada, que afirmava que “uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”.