Desigualdade de renda no Brasil atinge maior nível desde 2012, diz FGV

Pesquisa avalia que população mais pobre sentiu mais diretamente os efeitos da crise econômica dos últimos anos; pesquisador explica que, com menos empresas contratado, mercado privilegia mais experiência e escolaridade

Foto: Flickr/AHNL
Desigualdade de renda no Brasil atingiu maior nível desde 2012, segundo a FGV

A desigualdade de renda no Brasil atingiu o maior nível já registrado no primeiro trimestre deste ano. De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), o índice que mede a desigualdade sobe consecutivamente desde 2015, atingindo em março o maior patamar da série histórica, iniciada em 2012.

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O indicador analisado pelo estudo é o índice de Gini, que acompanha e mede a desigualdade de renda em uma escala de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade. O do Brasil, em março, atingiu 0,627.

A pesquisa expõe que a crise dos últimos anos afetou mais as pessoas de renda menor. Os mais pobres, inclusive, demoram mais para se recuperar na comparação com os mais ricos. Antes da crise, os 10% mais ricos tiveram aumento de 5% da renda acumulada, enquanto os 40% mais pobres, de 10%.

Após a crise, a renda acumulada do grupo dos mais ricos cresceu 3,3%; os mais pobres, em contrapartida, tiveram queda de mais de 20% no mesmo período. Em sete anos, a renda acumulada dos mais ricos aumentou 8,5%; e a dos mais pobres caiu 14%.

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O pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV , Daniel Duque, explica que os mais pobres sentem mais os impactos pela dinâmica do mercado de trabalho em tempos de crise. “Há menos empresas contratando e demandando trabalho, ao passo que há mais pessoas procurando. Essa dinâmica reforça a posição social relativa de cada um. Quem tem mais experiência e anos de escolaridade acaba se saindo melhor do que quem não tem”, relata.