Entre 2012 e o último dia 3 de maio, foram registrados mais de 4,7 milhões de acidentes de trabalho no país
Agência Brasil
Entre 2012 e o último dia 3 de maio, foram registrados mais de 4,7 milhões de acidentes de trabalho no país


enxugamento de 90% das normas de saúde e segurança no trabalho anunciadas nesta segunda-feira (13) pelo governo pode acabar pesando nos cofres públicos. Especialistas reconhecem  a necessidade de atualizar a regulamentação, mas apontam que um corte do tamanho previsto pelo presidente Jair Bolsonaro pode acabar gerando ainda mais acidentes de trabalho e, consequentemente, mais custos previdenciários.

Publicidade

Só em janeiro deste ano, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pagou benefícios acidentários a mais de 800 mil segurados, gerando uma despesa de aproximadamente R$ 930 milhões naquele mês. Em todo o ano de 2018, o órgão gastou R$ 11,8 bilhões com esses pagamento em decorrência de acidentes de trabalho .

Com o grande valor gasto em aposentadorias por invalidez, pensões por morte, auxílios-doença e auxílios suplementares, o Ministério da Economia prometeu rever todas as Normas Regulamentadoras (NRs) do País. Apesar disso, a medida pode não ser tão benéfica aos gastos públicos .

Leia também: No Brasil, uma pessoa morre por acidente de trabalho a cada 3 horas e 40 minutos

Para o professor de Direito do Trabalho do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC-RJ), Leandro Antunes, rever as normas e adequá-las à realidade é positivo, mas é preciso que haja um estudo minucioso do que efetivamente pode ser cortado. "O problema é saber se as regras vão ser atualizadas pensando na segurança ou se algumas situações vão ser cortadas da norma só para enxugar. A NR-12 é realmente muito grande, são mais de 150 itens, fora os anexos, e cortar a 90% vai reduzir a pouquíssimos pontos."

Ele também pontua que a última mudança nas regras foi feita há poucos meses. "Essa norma é de 1978, mas já passou por diversas atualizações, inclusive em dezembro do ano passado. Será que as relações de trabalho mudaram tanto nesse período a ponto de retirarem 90% das regras? Não adianta querer reduzir de forma abrupta. É preciso que haja um estudo", avalia.

Publicidade

Segundo Antunes, tão importante quanto atualizar as normas é fazer com que as regras de segurança no trabalho sejam cumpridas. "Acho que a preocupação maior neste momento não é só atualizar as normas, mas, sim, materializar a forma de cumprimento dessas regras. A gente passa por um momento muito complicado em relação à fiscalização", alerta.

Presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Adriane Bramante afirma que o Brasil é hoje o quarto país no mundo com mais acidentes de trabalho, e ressalta a importância de ser feita uma modernização das normas, com foco na segurança do trabalhador.

Leia também: Brasileiro tem primeiro emprego com carteira assinada, em média, após os 28 anos

"A Previdência já tem um gasto absurdo com benefícios por incapacidade acidentários. É positivo que haja essa modernização, mas essa é uma questão que tem que ser analisada de forma técnica, que traga resultados. Atualmente, as normas são ultrapassadas e não protegem eficazmente os trabalhadores, mas também falta fiscalização e investimentos em segurança no trabalho ', ressalta.


    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!