O maior fundo de pensão da Noruega anunciou na sexta-feira (3) que excluiu as ações da Vale de sua carteira de investimentos por causa do rompimento, em janeiro, da barragem em Brumadinho (MG), que deixou 235 mortos e 35 desaparecidos. O KLP afirmou que o acidente "constitui um risco inaceitável" que contribui para "graves violações dos direitos humanos e sérios danos ambientais". O fundo, que gere ao todo R$ 294 bilhões, vendeu o equivalente a R$ 43,9 milhões em papéis da companhia que detinha em seu portfólio.
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"Também é um agravante o fato de a empresa ter se envolvido em dois graves eventos semelhantes em um intervalo de poucos anos”, acrescentou, em nota, Jeanett Bergan, chefe de investimentos responsáveis no KLP, referindo-se ao rompimento da barragem em Mariana (MG), que matou 19 pessoas em 2015 e que também era de responsabilidade da Vale .
O KLP informou ter tido diversas reuniões com a Vale para acompanhar como a empresa trabalhou preventivamente após o acidente de Mariana e que, depois do rompimento da barragem de Brumadinh o, intensificou esse trabalho. Mas o fundo de pensão concluiu que "a Vale não aumentou as medidas de segurança depois de receber relatórios mostrando que havia alto risco associado à barragem em Minas Gerais", disse na nota.
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"Ainda há incerteza sobre o que causou o acidente deste ano, mas está claro que o que a Vale fez depois do acidente de 2015 não foi suficiente para prevenir novos acidentes e suas sérias conseqüências. É claro que a empresa intensificou seu trabalho, mas, com dois acidentes tão sérios, é difícil ter confiança na capacidade de a empresa manter a segurança", acrescentou Jeanett Bergan no texto, dizendo ainda que "o risco inerente de acidentes relacionados aos depósitos de barragens da empresa ainda é elevado."
O KLP vinha sendo pressionado a se posicionar de forma mais contundente sobre a Vale. Em fevereiro, o site especializado em investimento sustentável ESG Clarity questionou por que o KLP continuava investindo na Vale mesmo após dois acidentes. Bergan respondeu que vinha tendo reuniões com a companhia e que estava monitorando a situação. Em 2015, o fundo de pensão sofrera o mesmo tipo de pressão, mas alegou naquela ocasião que não fazia sentido se desfazer dos papéis por causa de sua desvalorização, de acordo com o site especializado Portfolio Advisor.
A Vale, por sua vez, tem sido alvo de descontentamento por parte de entidades ligadas ao investimento sustentável. Em janeiro, depois do acidente em Brumadinho, o Corporate Human Rights Benchmark (CHRB) - índice que mede a conduta das empresas com relação aos direitos humanos - suspendeu a Vale de sua listagem alegando que "não seria apropriado continuar com a Vale no ranking" depois da tragédia. Em fevereiro, a mineradora foi retirada do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa brasileira, a B3.
Fundo excluiu Petrobras apos Lava-Jato
Na semana passada, a sede da Vale amanheceu com um memorial em homenagem às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho. A Articulação dos Atingidos e Atingidas pela Vale, que também é acionista minoritária da mineradora, colocou nos degraus da escadaria em frente ao prédio da empresa 233 placas com os nomes de vítimas fatais e 37 placas com os nomes das pessoas ainda desaparecidas após o desastre de Brumadinho. O número de mortes confirmadas subiu para 235 desde então.
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Em 2016, o KLP já havia retirado a Petrobras de sua carteira alegando que a corrupção que ocorrera na companha e que foi revelada pela operação Lava-Jato era "vexatória" e representava um "risco inaceitável". Comunicado do fundo de pensão divulgado à época sustentava que “a escala do caso, os montantes envolvidos e o período de tempo em que ocorreu não têm paralelo em lugar nenhum do mundo".
Neste sábado (4), a tragédia na barragem de Brumadinho de responsabilidade da Vale completa 100 dias.