
Incomodados com os resultados do forte alinhamento do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com Israel, os países islâmicos ocuparam a terceira posição entre os maiores compradores de produtos do agronegócio brasileiro em 2018, com uma receita de US$ 16,4 bilhões e atrás apenas da China e da União Europeia. Entre os principais itens vendidos para esses mercados estão açúcar, carne de frango, soja, milho, carne bovina e algodão.
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Os números foram divulgados nesta terça-feira (9) pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A entidade considera como países islâmicos aqueles em que 50% da população é muçulmana. Esse grupo é formado por mais de 50 mercados e abrange, além da comunidade árabe, nações como Bangladesh, Turquia, Irã e Senegal.
Segundo a CNA, o Brasil teve um superávit de US$ 15,4 bilhões na balança comercial do agronegócio com os islâmicos, que ficaram em sexto lugar entre os principais fornecedores. As compras desses países somaram cerca de US$ 1 bilhão. Por ordem de grandeza, o óleo de dendê foi o principal produto importado por esses mercados, seguido por vestuário, borracha, sardinha congelada, avelãs e azeitonas.
Amanhã (10), embaixadores de 42 países islâmicos participam de um jantar com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina , na sede da CNA. Há uma grande expectativa de que a ministra esclareça uma série de pontos em relação à nova política externa brasileira. Uma das preocupações é com a abertura de um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém, anunciada há cerca de duas semanas por Bolsonaro durante visita a Israel.
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Os países islâmicos também querem saber se o governo brasileiro está realmente decidido a transferir a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém – cidade que não é reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) como capital de Israel. No início deste ano, a missão brasileira nas Nações Unidas manteve sua posição de defender dois Estados na região, o israelense e o palestino.