O Lollapalooza contratou moradores de rua por 12 horas diárias para ajudar na montagem dos palcos e pagou-lhes R$ 50
Divulgação/Lollapalooza
O Lollapalooza contratou moradores de rua por 12 horas diárias para ajudar na montagem dos palcos e pagou-lhes R$ 50

O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões de São Paulo (Sated-SP) vai recorrer ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para denunciar a organização do Lollapalooza, famoso festival de música na capital paulista, por trabalho análogo à escravidão. As informações foram publicadas pela Folha de S. Paulo .

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No sábado (6), uma reportagem da Folha revelou que o Lollapalooza contratou moradores de rua por 12 horas diárias para ajudar na montagem dos palcos do festival e pagou-lhes R$ 50 pelo serviço. Mas no estado de São Paulo, segundo a lei, o piso para apenas oito horas diárias é de R$ 38,80 – e considerando as horas extras, cujo valor é 50% superior ao da hora normal, esses trabalhadores deveriam receber pelo menos R$ 68.

Um ingresso para apenas um dia de festival, que começou na sexta (5) e terminou no domingo (7), custa até R$ 800. Para entrar no camarote, que dá direito à comida e drinks, é necessário desembolsar até R$ 1.420 – mais de 28 vezes o valor pago aos moradores de rua que ajudaram na montagem do Lollapalooza.

Em nota, o sindicato repudiou a prática e se desculpou por não ter agido preventivamente, já que não é a primeira vez que o festival é alvo de denúncia do tipo. O Sated disse defender que moradores de rua "possam trabalhar em todos os eventos e espetáculos, desde que qualificados profissionalmente, com remuneração condizente e dignas condições de trabalho".

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No ano passado, a Pastoral do Povo de Rua também entrou com um pedido no MPT para que duas empresas que participavam da organização do Lollapalooza fossem investigadas por trabalho análogo à escravidão . A denúncia, porém, foi arquivada porque a procuradora entendeu que o caso deveria ser enviado a um órgão fiscalizador, como o extinto Ministério do Trabalho.

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