Recuperação da economia depende da aprovação de reformas, avalia BC

Para o Copom, a lenta retomada do País se deve principalmente a choques sofridos em 2018, como a greve de caminhoneiros e as incertezas eleitorais

Ata divulgada hoje (26) se refere à primeira reunião do Copom após a posse de Roberto Campos Neto no Banco Central
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ata divulgada hoje (26) se refere à primeira reunião do Copom após a posse de Roberto Campos Neto no Banco Central

Para o Banco Central (BC), a aceleração do processo de recuperação da economia brasileira depende da diminuição de incertezas quanto à aprovação de reformas fiscais – e não somente a da Previdência. A avaliação está presente na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada pela instituição nesta terça-feira (26).

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"Uma aceleração do ritmo de retomada da economia para patamares mais robustos dependerá da diminuição das incertezas em relação à aprovação e implementação das reformas – notadamente as de natureza fiscal – e ajustes de que a economia brasileira necessita", escreveu o Banco Central .

Segundo o BC, os choques sofridos pelo País em 2018 com a greve de caminhoneiros, a piora no cenário externo para os emergentes e o aumento das incertezas quanto aos rumos do Brasil produziram impactos negativos cujos efeitos persistem até hoje. "Esses choques devem ter reduzido sensivelmente o crescimento que a economia brasileira teria vivenciado na sua ausência", apontou a ata.

A autoridade monetária ainda prevê que a inflação acumulada em 12 meses deve atingir um pico por volta de abril ou maio para depois voltar a um patamar abaixo do centro da meta deste ano, de 4,25%. A consolidação desse cenário favorável, porém, depende da discussão e aprovação das reformas, além de ajustes pontuais na economia.

Última reunião do Copom

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Na última quarta-feira (20), pela oitava vez consecutiva, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 6,5% ao ano

No último dia 20, pela oitava vez seguida, o BC decidiu não alterar os juros básicos da economia . Na primeira reunião após a posse do novo presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, o Copom manteve a taxa Selic em 6,5% ao ano. A decisão já era esperada pelos analistas financeiros.

Com a decisão, a Selic continua no menor nível desde o início da série histórica do BC, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que chegasse a 6,5% em março de 2018.

Para os próximos meses, a expectativa de alguns setores da economia é de que a Selic caia ainda mais. Em nota, o presidente em exercício da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Paulo Afonso Ferreira, avaliou que "a fraca recuperação da economia indica que há necessidade de redução dos juros" num futuro próximo.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2018, o indicador fechou em 3,75%, contra 2,95% em 2017. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o IPCA acumula variação de 3,89%.

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Para 2019, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu meta de  inflação  de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,75% neste ano nem ficar abaixo de 2,75%. A meta para 2020 foi fixada em 4%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.


*Com informações da Agência Brasil