O presidente Jair Bolsonaro (PSL), que está de viagem marcada para os Estados Unidos no próximo dia 17, confirmou suas intenções de se aproximar dos norte-americanos, mas ressaltou que a China ainda é o principal parceiro comercial do Brasil. As declarações foram feitas na noite dessa quinta-feira (14), durante uma transmissão ao vivo em sua página oficial no Facebook.
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"Como sempre disse na pré-campanha e na campanha, queremos nos aproximar do mundo todo. Os EUA podem ser, com toda certeza, um grande parceiro. [Mas] O nosso grande parceiro econômico é China
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em segundo lugar, os EUA", disse o presidente, que estava acompanhado dos ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). Bolsonaro também confirmou que viajará ao país asiático no segundo semestre.
Araújo, por sua vez, disse que a visita aos EUA vai marcar a "retomada de uma parceria natural" entre brasileiros e norte-americanos. "Infelizmente, nos últimos tempos, essa parceria foi negligenciada. Parecia que qualquer parceria era boa até entrar os EUA", criticou o ministro. "[Essa relação] pode voltar a ser essencial, [mas] evidentemente sem a exclusão de outras parcerias nossas", completou.
As declarações sobre a China, contudo, contrariam discursos anteriores de Bolsonaro. Em outubro, quando ainda era candidato, o presidente se queixou da atuação do país asiático, que não estaria comprando no Brasil, mas sim "o Brasil". No mês seguinte, a China fez um alerta sobre os riscos econômicos de o Brasil seguir a linha de Donal Trump e quebrar laços comerciais com Pequim. Na época, o jornal China Daily chegou a se referir a Bolsonaro como um "Trump tropical".
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Essa crítica às relações entre Brasil e China também é compartilhada por Olavo de Carvalho, considerado um "guru do bolsonarismo". No início do ano, o escritor criticou uma ida de parlamentares do PSL ao país asiático para conhecer o sistema chinês de reconhecimento facial. "Instalar esse sistema nos aeroportos brasileiros é entregar as informações sobre todo mundo que mora no Brasil", defendeu Olavo. O escritor mora nos EUA e deve se encontrar com Bolsonaro por lá.