As contas externas brasileiras apresentaram resultado positivo em setembro. O superávit em transações correntes, correspondentes às compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do País para outros, chegou a US$ 32 milhões no período. Saldo, porém, é 92,4% menor do que o registrado no mesmo mês de 2017 (US$ 423 milhões).
Leia também: Vendas no Tesouro Direto superam resgates em R$ 839,3 milhões
Os números foram divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Banco Central (BC). No acumulado do nove primeiros meses do ano, segundo a autoridade monetária, as contas externas estão no vermelho, com um déficit de US$ 7,435 bilhões. No mesmo período do ano passado, o saldo negativo era de US$ 2,745 bilhões – 63% menor do que o atual.
De acordo com o chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini, o principal fator para o superávit em transações correntes foi o saldo comercial positivo. “Houve aumento nas exportações de milho, o destaque na balança comercial”, comentou.
No mês passado, o superávit comercial – isto é, um maior número de exportações frente às importações – chegou a US$ 4,563 bilhões, pouco abaixo do saldo registrado em setembro de 2017 (US$ 4,921 bilhões). No acumulado do ano, o superávit comercial chegou a US$ 41,001 bilhões, ante US$ 51,227 bilhões em igual período de 2017.
Ainda segundo o BC, a conta de renda primária, relativa aos lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários, que também faz parte das transações correntes, ficou negativa em US$ 2,434 bilhões no mês. De janeiro a setembro, o déficit é de US$ 25,459 bilhões.
A conta de renda secundária, aquela gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens, teve resultado positivo de US$ 144 milhões no mês. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o superávit é de US$ 1,836 bilhão.
Leia também: Brasileiros gastam 30,7% menos em viagens internacionais em setembro
Você viu?
A conta de serviços, que corresponde às viagens internacionais, ao transporte e ao aluguel de investimentos, por exemplo, teve saldo negativo de US$ 2,241 bilhões no mês passado e de US$ 24,814 bilhões de janeiro a setembro.
Contas externas e investimentos
Em setembro, como houve superávit, as contas externas não precisaram ser cobertas pelo investimento direto no país (IDP). Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior – e a melhor forma de fazê-lo é por meio do IDP, uma vez que os recursos são aplicados no setor produtivo.
No mês passado, de acordo com o Banco Central, esses investimentos chegaram a US$ 7,829 bilhões. De janeiro a setembro, o IDP ficou em US$ 52,2 bilhões.
Segundo Baldini, o fluxo de investimento tem sido bastante regular no país, com poucas oscilações. “Apesar de alguma incerteza em relação às eleições, os investimentos se mantiveram em uma mesma trajetória de crescimento. Assim tem sido não só esse ano, mas nos últimos anos”, explicou.
Leia também: Governo transfere R$ 20 milhões para investimento em alternativas à prisão
Desde maio, há uma sequência de aumento dos investimentos diretos no país, que hoje representam 3,68% do PIB (Produto Interno Bruto). Para outubro, a previsão é de que o IDP fique em US$ 8,5 bilhões. Neste mês, até o dia 23, o ingresso chegou a US$ 6,9 bilhões, de acordo com os dados preliminares.
Correções do BC
O Banco Central também atualizou o resultado das contas externas de agosto. Na época, havia sido anunciado um déficit de US$ 717 milhões, mas, segundo Baldini, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços revisou os dados de exportação. Com isso, as estatísticas foram recalculadas e o que era um déficit de US$ 717 milhões virou um superávit de US$ 717 milhões.
*Com informações da Agência Brasil