Nesta quarta-feira (24), manifestantes e polícia entraram em confronto em frente ao Congresso da Argentina, em Buenos Aires, onde deputados discutem o projeto de lei orçamentária para 2019. A proposta pretende implementar medidas de austeridade, isto é, de maior controle de gastos, para o país, que vive uma grave crise econômica.
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Dentre as políticas de austeridade
em discussão no Congresso argentino, então as propostas de zerar o déficit orçamentário do país no próximo ano, com fortes ajustes de gastos em diversas áreas do governo. Em 2017, a título de comparação, as contas públicas da Argentina registraram um déficit de 3,9% do PIB (Produto Interno Bruto).
O projeto também prevê a redução da inflação estimada em 42% em 2018 para 23% em 2019, além de apostar em uma retração econômica de -2% neste ano e de -0,5% no próximo. Segundo informações da imprensa argentina, o novo orçamento foi elaborado com base em uma taxa de câmbio média de 40,10 pesos (cerca de R$ 4) por dólar.
O protesto contra as políticas de austeridade, porém, não correu de forma pacífica. De acordo com os veículos locais, manifestantes reunidos em frente ao parlamento teriam atirado pedras contra a polícia, que reagiu com balas de borracha e gás lacrimogêneo.
No Twitter, muitos argentinos também usaram as hashtags #NoAlPresupuesto e #NoAlPresupuestoDelFMI para protestar. Em seu perfil, o deputado Roberto Salvarezza, do partido Unidad Ciudadana, se posicionou contra os ajustes austeros, condenando as repressões sofridas pelos manifestantes.
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Contra a crise, austeridade
A Argentina, do presidente Maurício Macri , vive uma crise cambial desde abril – e até agora não conseguiu contê-la. Em junho, o país acordou um apoio financeiro de US$ 50 bilhões (R$ 186,5 bilhões) por parte do FMI (Fundo Monetário Internacional), a ser pago até 2021. No mês passado, porém, o resgate foi ampliado para US$ 57,1 bilhões (R$ 212,9 bilhões).
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Agora, a prioridade do governo de Macri, que está prestes a assinar esse segundo acordo, é aprovar um orçamento mais austero para o ano que vem. Isso porque a Argentina prometeu, em contrapartida ao apoio do FMI, alcançar o equilíbrio nas contas já em 2019, um ano antes do previsto anteriormente. O país também espera chegar a um superávit primário de 1% do PIB em 2020.
Greve dos caminhoneiros
Mais hermanos do que nunca: hoje, a Federação dos Transportes da Argentina (FETRA) deu início a uma greve nacional indefinida em protesto contra a inflação e os altos impostos de exportação. Segundo informações da Agência Reuters , o sindicato está exigindo um aumento nas taxas para os transportadores de grãos depois que o governo anunciou que espera inflação de 42% em 2018.
Apesar de a paralisação deter caminhões de grãos no principal porto de Rosario, responsável por 80% das exportações do país, a greve ainda não afetou o envio dos insumos para o exterior. Paralelamente, um representante da FETRA afirmou que, embora não haja previsão para o encerramento da greve, o grupo está conversando com as autoridades nacionais.
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A Argentina é um importante fornecedor de trigo, especialmente para o vizinho Brasil. Segundo a Bolsa de Grãos de Rosario, a safra de 2018/2019 começará nas próximas semanas e deverá render 19 milhões de toneladas.