Trocar financiamento por cavalo de raça? Conheça a empresa que torna isso viável

O Clube de Permuta foi fundado em 2012 e já conta a participação de mais de 500 empresas com um interesse em comum: trocar serviços e produtos

Negócios: Bortoletto começou a trabalhar com 11 anos de idade nos empreendimentos familiares
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Negócios: Bortoletto começou a trabalhar com 11 anos de idade nos empreendimentos familiares

A regra é simples e todo mundo conhece: para obter um produto ou serviço é preciso pagar por ele, seja em dinheiro ou em transações bancárias, geralmente. Antes de tudo, é preciso lembrar que a compra nada mais é do que uma troca: afinal, uma quantidade "x" de dinheiro equivale – ou deveria – a alguma coisa. Certo? Bem, é com base nessa simples lógica de negócios que o Clube de Permuta, do empreendedor Leonardo Bortoletto, de 39 anos, funciona.

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O Clube de Permuta é uma plataforma em que diversos empresários – pessoas físicas e profissionais liberais – se associam para fazer trocas do tipo multilateral de produtos ou serviços. Por exemplo, um escritório compra móveis de uma loja, mas a loja não necessariamente deve encomendar algo do escritório, ela pode usar os créditos obtidos – chamados “Permutz” - para contratar o serviço de outros negócios associados. 

Com maior liberdade de compras, no clube já aconteceu até mesmo a troca de cavalos de raça por um financiamento de banco. Inovador? Pois Bortoletto explica que a ideia do empreendimento não surgiu "do nada". Antes, o empreendedor tinha uma empresa de tecnologia, que sempre fazia permuta bilateral, em que um serviço/produto apenas pode ser trocado entre pares. A lógica – um tanto quanto limitadora – fez com que o estabelecimento acumulasse muitos créditos, já que os seus serviços eram geralmente mais caros do que o valor em contrapartida.

Então, esse aglomerado obrigou o empresário a reformular o uso desses créditos, oferecendo aos clientes desde pagamentos com desconto até mais maleáveis, para que os valores pudessem ser repassados de alguma forma.

Mas, após quatro anos de funcionamento, o 'ultimato' para consolidar o Clube veio com um sonho no ano de 2016. “Eu conto isso e nem sempre acreditam. Uma noite sonhei que Deus me deu o desenho do portal, com as suas funcionalidades e regras de relacionamento. No dia seguinte, reuni a equipe de desenvolvimento da empresa de tecnologia, que era liderada pela minha mãe e sócia, analista de sistemas, e eles elaboraram o portal”, relembra.

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Família e fé

A vida empreendedora sempre fez parte da vida de Leonardo Bortoletto. Embora tenha nascido na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, boa parte da infância do empresário aconteceu em Piracicaba, no interior de São Paulo, onde começou a trabalhar aos 11 anos de idade nos negócios da família, de classe média.

De volta à cidade natal, aos 14 anos, trabalhou como office boy. Após essa experiência, ele nunca mais saiu da área comercial. O empresário revendia produtos, como cerâmica, vestuário e aparelhos eletrônicos, até que, em 1999, comprou 50% da empresa de tecnologia, na qual permaneceu até abril de 2016, quando vendeu sua parte para se dedicar exclusivamente à expansão do Clube de Permuta, que, de acordo com ele, não apenas dependeu de técnicas empreendedoras, mas também da sua característica pessoal que mais o tem ajudado profissionalmente, a fé.

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Plataforma de relacionamentos

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Atualmente, mais de 500 empresas são associadas ao Clube de Permuta


Logo após engatilhar o portal e a parte jurídica do negócio, o empresário partiu para o networking . Conversou com antigos clientes a fim de descobrir quem toparia participar da empreitada, agora mais sólida. Das reuniões, saiu o chamado G12, com as doze primeiras empresas do Clube, e o sócio, Paulo Cesar Alkimin de Oliveira.

Em relação aos custos, Bortoletto diz que três colunas foram essenciais para o negócio expandir e se consolidar: o valor obtido da empresa de tecnologia, o capital próprio e, claro, os créditos de permuta para todo o trabalho de lançamento e divulgação.

Quando questionado qual o combustível utilizado para fazer com que os associados mantenham as trocas, o empresário diz que o principal pilar de sustentação do negócio é o relacionamento entre os membros.

“O Clube de Permuta é uma plataforma de relacionamento que gera negócios, e não o contrário. Ela é tão sólida, que faz com que os associados se tornem amigos, confidentes e parceiros para enfrentar os problemas profissionais. Com isso, indicam novas empresas, refletindo diretamente na diversidade de ofertas do negócio”, avalia.

Contudo, existe um porém. Embora 100% dos associados sejam indicados por empresas já participantes, ou com o aval dos sócios, a plataforma não acolhe um novo membro se ele já existir uma empresa cadastrada que ofereça produtos similares e que tenha créditos capazes de atender às demandas da plataforma. 

Não existe crise?

O início do Clube se deu em 2012. Bortoletto lembra que, nesse momento, o Brasil estava em um momento economicamente positivo, e que a mentalidade estava voltada em melhorar o fluxo de caixa das empresas e proporcionar melhores oportunidades de investimentos, ou seja, a plataforma funcionaria para os membros como um aliado na redução de custos.

Mas, como foi enfrentar a recessão iniciada em 2014? Segundo o empreendedor, foi justamente durante esse período que os associados mais valorizaram a positividade do seu negócio, visto que a estratégia de redução de custos possibilitou uma boa manutenção financeira das empresas. "A crise nos mostrou que a nossa ferramenta, além de ser necessária em momentos bons, é extremamente eficiente em momentos econômicos considerados ruins”, avalia.

Se você pretende empreender, aqui vai uma dica de Bortoletto: construir algo que atenda a uma demanda de hoje não resolverá muita coisa. As pessoas, em sua maioria, não sabem do que precisam. Os negócios de sucesso são aqueles que anteveem necessidades, e que, principalmente, consegue entregá-las.

Atualmente, 516 negócios estão associados ao Clube de Permuta que conta com nove franquias, sendo que seis delas estão no estado de Minas Gerais, nas cidades de Araxá, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Montes Claros, Sete Lagoas e Uberlândia. E as demais estão em Brasília (DF), Vitória (ES) e Piracicaba (SP).