O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira (6), que a criação do fundo no paraíso fiscal das Bermudas é para gerir parte de sua herança. Ele ainda ressaltou que a aplicação dos recursos foi declarada à Receita Federal e ao Banco Central.
Leia também: Banco Central: mercado mantém projeção da inflação e do PIB para este ano
Vale mencionar que o fundo foi criado em 2002 por Meirelles , a partir de uma doação de US$ 10 mil e que as informações que o atingem foram divulgadas no domingo (5), pelo site "Poder360", um dos veículos de imprensa que realizaram análises de documentos deste caso, batizado como Paradise Papers , sob a coordenação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ).
Além do ministro, as informações que constam dados internos do escritório especializado em o ffshores Appleby – contas bancárias e empresas utilizadas para ocultar recursos perante as autoridades – também afetam o ministro de Agricultura, Blairo Maggi.
“Está tudo declarado, como tudo o que eu faço, não só à Receita Federal, mas ao Banco Central. E também qualquer movimentação. É uma entidade filantrópica. Visa investir recursos em educação no Brasil, exclusivamente. Na época, dirigia uma grande instituição financeira internacional. Morava no exterior. Ela [a entidade], portanto, foi constituída no exterior””, disse em entrevista à rádio BandNews, nesta manhã.
Paraísos fiscais
Segundo a investigação, ambos os ministros fazem parte das dezenas de políticos mundiais vinculados a empresas em paraísos fiscais. “Foi feita uma pequena doação inicial visando constituir a entidade. E depois disso a entidade está inativa. A partir do momento que ocorrer o meu falecimento, uma parte da minha herança será doada para esta entidade para aplicar exclusivamente em educação no Brasil”, explicou o ministro da Fazenda.
Para ele, essa era a maneira mais “eficaz e objetiva” para direcionar os recursos por seus advogados. “As regras de aplicação são muito claramente definidas. Garantem a aplicação de recursos de herança de maneira muito eficaz”.
Você viu?
Leia também: "Não fui pago por isso": trabalhadores denunciam abusos em etiquetas da Zara
Meirelles alegou ao "Poder360" que o "Sabedoria Foundation" ainda não recebeu ativos. Enquanto Maggi é apontado como beneficiário de uma empresa aberta nas Ilhas Cayman em 2010, havendo participação de uma de suas empresas e a holandesa Louis Dreyus.
Em 2009, uma subsidiária da Louis Dreyus e a Ammagi Exportação e Importação entraram em um acordo para a criação de uma filial, que atuaria no mercado de grãos em quatro estados brasileiros. Em janeiro do ano seguinte, a filial foi registrada na Bahia, com o nome de Amaggi & LD Commodities. No mesmo ano, a empresa abriu uma offshore intitulada Ammagi LD Commodities International , nas ilhas Cayman.
Ao “Poder360”, a defesa do ministro negou o recebimento de qualquer valor diretamente da offshore , entretanto, afirmou que ele é um beneficiário da empresa. A investigação foi realizada por 382 jornalistas de cerca de 100 veículos, que avaliaram mais de 13 milhões de documentos referentes a um período de 1950 a 2016. Os documentos foram vazados por dois escritórios especializados em abrir offshores : o Appleby e o Asiatici Truste .
Presidência
Na entrevista à rádio, a presidência foi um dos assuntos pautados. Meirelles comentou que “não tem obsessão em ser presidente da República, porém tem consciência de que é presidenciável”. “Tenho consciência porque as pessoas me dizem isso todos os dias, sejam políticos, pessoas que encontro na rua. Existe uma expectativa de um certo número de pessoas”, concluiu.
*Com informações da Agência Brasil
Leia também: Consumidor: Veja como aproveitar as renegociações do Feirão Limpa Nome