Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (25) pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que os micro e pequenos empresários estão mais otimistas para realizarem investimentos neste fim de ano. De setembro do ano passado para o mesmo mês deste ano, o nível do empresariado brasileiro que pretende investir nos próximos três meses cresceu de 19% para 27%, superando o resultado de 2015, quando a intenção era de 24%.
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Os micro e pequenos empresários que não realizarão investimentos nos próximos meses detêm 66% das respostas, enquanto 6% ainda não decidiram se de fato investirão. O Indicador de Demanda por Investimento ficou em 28,1 pontos em setembro, frente aos 24,1 pontos do mesmo período de 2016 e dos 25,7 pontos de agosto deste ano. Desse modo, em uma escala de zero a 100, quanto mais próximo dos 100 pontos, maior será a propensão para a realização de investimentos.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a sondagem evidenciou que a intenção de investimento por parte dos empresários de micro e pequenos negócios ainda não é significativa, entretanto, pode-se perceber uma tímida melhora desses números conforme a retomada lenta e gradual da economia.
“A partir do momento em que observarmos quedas reais dos juros e um ambiente econômico mais estável, haverá certamente um estímulo maior ao investimento. Infelizmente, o ritmo de melhora da confiança ainda é muito sutil, mas esse é mais um dos sinais que mostram que os setores do comércio e serviços vislumbram um fim de ano com vendas melhores e movimento mais aquecido”, afirmou.
Fim de ano
A estimativa de aumentar as vendas é a principal razão pelo qual os empresários pretendem investir, com 45%. A necessidade de atender ao aumento recente da demanda em seus estabelecimentos aparece em seguida, com 20% e a adaptação da empresa a uma nova tecnologia, com 19%.
Em contrapartida, a ausência de necessidade, os efeitos negativos da crise e a espera do retorno de um investimento anterior foram as principais justificativas dos que não pretendem investir, com respectivamente, 47%, 25% e 12% das menções.
Considerando o aumento das vendas como o foco dos empresários, a ampliação dos estoques apareceu como o principal investimento para esse período de fim de ano, com 33%. Outros métodos de preparo na área de divulgação, como mídia e propaganda também foram citados, com 23%, assim como uma possível reforma na empresa, a compra de equipamentos e maquinário, com 20% e ampliação de portfólio, com 14%.
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Ainda entre os que pretendem investir, a maior parte afirmou que recorrerá ao capital próprio guardado na forma de aplicações, com 54%, enquanto 16% venderão algum bem e 11% farão empréstimos em bancos e financeiras. Quando questionados sobre o motivo do uso de capital próprio, 60% do empresariado argumentou com o fato de os juros bancários serem extremamente altos.
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Recursos
Diante da constatação de que a maioria dos empresários investirá com capital próprio, o Indicador de Demanda por Crédito não apresentou crescimento em setembro. Em sua escala de zero a 100, houve uma tímida variação negativa, ao passar de 12 para 10,4 pontos, na comparação anual. Vale mencionar que em agosto deste ano, o indicador marcava 10,8 pontos.
Além disso, apenas 7% dos empresários dos ramos de comércio e serviços afirmaram estar intencionados a tomar recursos emprestados de outras pessoas nos próximos três meses. A formação de capital de giro, com 31%, a aquisição de equipamentos, com 24% e o pagamento de dívidas, com 22% estão entre as principais finalidades. Por outro lado, aproximadamente 87% não pretendem tomar crédito.
A maior parte desse empresariado, com 29% classificaram a contratação de crédito como algo difícil, ao contrário de 28% que a considera simples. A burocracia excessiva, com 45% e os juros altos, com 40%, foram apontados como os principais motivos entre os que têm dificuldades para tomar recursos financeiros emprestados.
Já a contratação de empréstimo em instituições financeiras foi citado como o tipo de crédito mais difícil de ser contratado, com 23%, seguido dos financiamentos em instituições financeiras, com 18% e do crédito juntamente a fornecedores, com 10%.
Em contrapartida, 35% ressaltaram o bom relacionamento com o banco como o fator que torna a contratação de crédito fácil. A razão de estarem com as contas em dia também é um destaque de influência nessa facilitação, com 23%.
“Com planejamento, o crédito pode ser uma via de crescimento para os micro e pequenos empresários que têm planos de investir. Políticas que reduzam o custo do crédito e retirem os entraves para contratação, sem aumentar o risco dos bancos do outro lado, podem abrir oportunidade de expansão dos micro e pequenos empresários brasileiros”, concluiu Pinheiro.
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