O presidente da Petrobras, Pedro Parente, admitiu nesta terça-feira (24) que a participação da empresa nas 2ª e 3ª rodadas de licitação do pré-sal poderá se dar em parceria com outras empresas petrolíferas e que poderá não ficar restritra às áreas em que a estatal já exerceu o seu direito de preferência. A declaração do executivo foi realizada na abertura da Offshore Technology Conference.
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"A parceria é a maneira usual de se trabalhar nesta indústria e nós vamos de parceria. Temos que ser seletivos, dado o conjunto de boas áreas ofertadas, mas faremos lances somente nas áreas que terão potencialidade maior", disse Parente sobre os planos da Petrobras . "Podemos disputar outras áreas além das três que já estamos com um bom direito assegurado. Claramente, dentro da nossa visão do potencial de todas as áreas, [a participação da empresa] será exclusivamente uma matéria de decisão econômica".
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Em relação às três áreas que a empresa já manifestou preferência – Sapinhoá, Peroba e Alto de Cabo Frio –, Parente disse que a estatal, caso não chegue a vencer a disputa, poderá exercer o direito de se associar às empresas vencedoras e vir a atuar como operadora. Os leilões das 2ª e 3ª rodadas estão marcadas para a próxima sexta-feira (27).
"Se não formos os vencedores e o lance for justificado do ponto de vista econômico, nós vamos nos associar a esse grupo. Nós temos o direito de nos associarmos ao consórcio vencedor, o que apresentar uma proposta maior. A Petrobras tem a preferência e, portanto, pode ser a operadora". A edição de 2017 da OTC acontece paralelamente à Rio Pipeline, encontro especializado em dutos.
Venda de ações da BR
Parente afirmou, ainda, que a empresa deverá manter a meta de desinvestimento constante do plano de negócios e que prevê a venda de ativos no montante de US$ 21 bilhões até o final do próximo ano. Segundo ele, a intenção é vender "o mais rapidamente possível" parte das ações da BR Distribuidora.
"Nós claramente mantivemos a nossa meta de desinvestimento, conforme anunciado, de US$ 21 bilhões até o final do ano que vem, mas ainda não podemos definir uma data porque é uma decisão que cabe ao conselho de administração da empresa, que vai levar em conta as condições de mercado", disse Parente. "Já anunciamos algumas etapas importantes e estamos trabalhando forte para fazer logo que possível".
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Sobre as liminares na Justiça contrárias ao plano de desinvestimento, o executivo disse considerar normal, uma vez que é preciso respeitar "o regime legal brasileiro". "Essas liminares na Justiça, que são naturais em um processo de desinvestimento no Brasil, são normais – todos sofrem este tipo de processo", avaliou. "A gente vem conseguindo reverter a maior parte delas. Isso significa apenas um atraso no processo, mas não a impossibilidade de fazer esse desinvestimento".
Preço do combustível
Pedro Parente também respondeu a perguntas sobre a atual política de preços adotada pela companhia e que vem provocando oscilações mais frequentes nos preços da gasolina e do diesel nos postos de todo o País. "A Petrobras não faz preço de combustíveis. São commodities com um grande número de compradores e de vendedores. Então a ideia de que a Petrobras faz preço não condiz com a realidade. Ninguém é capaz disso".
Para o executivo, a empresa simplesmente reage às mudanças de preço dos derivados no mercado internacional e às alterações no regime tributário brasileiro. "Nós tivemos dois fenômenos importantes: um foi a elevação dos impostos [da parcela de PIS/Cofins sobre os combustíveis, promovida pelo governo], e que respondeu por uma parcela grande dos aumentos verificados nos últimos meses", explicou.
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Problemas climáticos como os furacões na parte norte-americana do Golfo do México também foram apontados como algumas das razões para as mudanças. "Houve essa questão aí dos efeitos climáticos na área de Houston: os furacões, que provocam em um primeiro momento um aumento dos combustíveis [gasolina e diesel] e, em um momento seguinte, um aumento no próprio preço do petróleo".
Para o presidente da Petrobras, no entanto, a situação se encaminha para a normalização, com o preço do petróleo se estabilizando em um nível entre US$ 56 e US$ 57. "Mas é muito difícil fazer previsões sobre o assunto", disse.
Retomada do setor
Em sua fala, Pedro Parente, também avaliou o impacto de decisões governamentais para o setor de petróleo e gás natural no País. Segundo ele, as medidas que levaram a mudanças regulatórias, aliadas a um momento em que o mudno vive melhorias no cenário econômico, permitirão que o setor vivencie uma retomada. O executivo também indicou os esforços feitos por parte das operadores e dos fornecedores do setor como fatores que contribuirão para esta retomada da indústria petrolífera.
"As mudanças promovidas no último ano têm sido notadas mundo afora. Tenho viajado e me encontrado com investidores e parceiros no exterior, que sempre comentam suas impressões de que o setor de óleo e gás no Brasil deu uma guinada e o ambiente de negócios do País está mais atraente para empresas de diferentes portes", destacou.
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O presidente da Petrobras considerou a decisão do governo de flexibilizar a operação na área do pré-sal, a revisão da política de conteúdo local e a maior previsibilidade dada às novas rodas de licitação, além da extensão do Regime Especial de Tributação da Cadeia de Petróleo (Repetro) fundamentais para a efetivação do processo de retomada do setor petrolífero. Para isso, Parente também apontou como importantes os fatores conjunturais da economia, como a baixa inflação e a queda das taxas de juros.
* Com informações da Agência Brasil.