De trainee a diretor da Câmara Brasil-Alemanha, conheça Bruno Zarpellon
O executivo de dupla cidadania tem levantado a bandeira da inovação a empresários com pouco acesso a tecnologias, como a Indústria 4.0; veja
Por Mayara Rozário | - Brasil Econômico |
Muito se tem falado em Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial , termo referente a manufatura avançada e as tecnologias que ajudam na troca de informações e no desenvolvimento de produtos através da inteligência artificial. Originada na Alemanha, tem causado impactos mundiais. Aqui no Brasil, há muitos executivos que vêm potencializando o conhecimento e as iniciativas acerca do tema, como é o caso do diretor do departamento de inovação e tecnologia (DIT) da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, de São Paulo (AHK-SP), Bruno Vath Zarpellon.
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Com apenas 27 anos, formado em Direito e COM pós-graduando em Marketing, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o diretor de inovação e tecnologia , que sempre estudou em colégios alemães, já que possui nacionalidade alemã, começou trabalhando na transportadora de seu pai, onde era auxiliar administrativo e fazia um pouco de tudo. Ingressou na AHK-SP como trainee, em 2007. Após receber um folheto informativo sobre o processo seletivo, se inscreveu e foi escolhido. Atuou como trainee por seis meses, com 18 anos, recebendo treinamentos que vão desde os produtos e serviços da própria Câmara, como também etiqueta corporativa, macroeconomia e vendas.
De trainee a diretor
Zarpellon conta que os trainees da AHK também participam de uma competição, onde aquele que associar o maior número de empresas e gerar a receita mais acentuada é premiado com uma viagem para a Alemanha. Em seus tempos de treinamento, acabou não indo para o país por meio dessa oportunidade, deixando a AHK-SP por um mês e retornando para participar da comercialização da feira Ecogerma, em 2009.
Após a atuação na feira, coordenou o programa de trainees durante alguns anos, onde preparou os candidatos para uma competição entre câmaras do Mercosul. Depois de trabalhar no departamento associativo, foi para Alemanha, onde ficou por oito meses no escritório de projetos, localizado em Frankfurt, desenvolvendo pesquisas, rodadas de negócios e uma iniciativa que tinha como objetivo dar suporte a negócios brasileiros na Alemanha.
Voltou ao Brasil para trabalhar no Instituto Sócio Cultural Brasil-Alemanha (ISCBA), onde criou o projeto Atletas do Futuro, fundo paraesportivo Brasil-Alemanha que visava dar suporte para que atletas brasileiros pudessem participar das Paraolimpíadas. Em paralelo, coordenou a área de projetos e novos negócios, dentro do departamento de comunicação, sendo assim convidado a retornar e atuar como diretor do DIT, na Câmara Brasil-Alemanha.
“Em todas essas áreas que eu passei na AHK-SP, tive um aprendizado muito grande, mas o maior de todos foi ao longo do programa de trainees. Esse programa me colou diante de muitos executivos de empresas de todos os portes. Gera um senso de responsabilidade e proporciona autonomia. Você desenvolve habilidades relacionadas a comunicação e vendas, que ao meu ver, são essenciais para qualquer profissão”, afirma. “Já a ISCBA representa uma parte muito bonita da minha carreira, onde pude desenvolver projetos que não só visavam benefícios financeiros para as instituições, mas para os seus participantes também. Desde lá me apaguei a projetos e negócios que possam ser desenvolvidos para gerar ganhos sociais”, completa.
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Inovação e dificuldades
O convite para se tornar diretor do DIT, além de um desafio totalmente novo, representou a oportunidade que Zarpellon precisava para potencializar o seu interesse acerca da inovação, abrangente a temáticas como a Indústria 4.0, internet das coisas, inteligência artificial, inovação aberta, startups e cidades inteligentes. Entre o principal atrativo da área para ele, está a possibilidade de resolver problemas que permeiam a sociedade atual, como a escassez de alimentos, sustentabilidade e o aquecimento global.
Com esse objetivo, o DIT desenvolve atividades que propagam o empreendedorismo e a inovação nacional. Entre os destaques, está a iniciativa Startups Connected , criada em 2016. Composta por um prêmio e um programa de aceleração, o projeto traz desafios propostos por grandes empresas. No total, são nove categorias: agricultura digital, junto com a Bayer; Alemanha, com DWHI; B2Bak, com a BMG UpTech; cidades do futuro, com a BASF; conectividade, com a Volkswagen; eletro-mobilidade, com a GIZ; excelência industrial, com a Schuler; governo digital, com a SAP e inteligência artificial, com a Siemens.
Por meio dos desafios, os empreendedores inscritos na categoria de sua escolha podem propor soluções ao caso solicitado, participando de um processo seletivo para concorrerem ao prêmio, que visa dar visibilidade e ao programa de aceleração, que auxilia no desenvolvimento do projeto criado, juntamente de uma conexão de mercado.
Para o executivo, a falta de conhecimento é a principal problemática sobre a Indústria 4.0 no Brasil. De acordo com pesquisas realizadas pela Siemens e pela Confederação Nacional das Industrias (CNI), a maioria do empresariado brasileiro desconhece o que é Indústria 4.0 e digitalização, e os que dizem saber, detêm um conhecimento falho acerca do assunto.
O diretor de inovação e tecnologia ainda aponta como outros empecilhos, a defasagem nas máquinas e equipamentos industriais e a baixa percepção de valor dos empresários sobre o tema, bem como a indisponibilidade financeira de empresas de pequeno e médio porte para investirem em automação e maquinários. Entretanto, evidencia diversos trabalhos, cursos e iniciativas que vem sendo executadas, como as das AHks, que criam um senso de urgência e expandem a informação sobre a importância da manufatura avançada para a sociedade e para o mercado de trabalho.
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