Um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 82% dos empresários não contrataram e nem pretendem contratar trabalhadores efetivos e temporários para este fim de ano. O estudo evidenciou que em relação aos setores de serviços e varejo é estimada a criação de aproximadamente 51 mil vagas extras para o período.
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De acordo com o SPC Brasil , cerca de 49% dos empresários que não contrataram e não tem a pretensão, justificaram que a equipe atual conseguirá atender o volume de clientes, o que elimina a necessidade de contratação. A crença de que o movimento no final do ano não aumentará veio em seguida, com 18% das respostas, enquanto 48% dos entrevistados afirmaram não precisar mudar a forma de trabalho, uma vez que não haverá aumento significativo na demanda.
Somente 13% dos empresários estimam reforçar o quadro de funcionários. Entre eles, 74% pretendem contratar de um a cinco trabalhadores, temporários ou efetivos, ao contrário de 19% que ainda não decidiram a quantidade de contratações. O principal motivo entre os que contrataram ou estimam é suprir a alta na demanda, com 75%.
Quatro em cada 10 desses empregadores, ou seja, 40% asseguram que os contratados serão formalizados pela própria empresa, sendo 35% informais e 13% terceirizados. Enquanto 36% querem contratar trabalhadores sem carteira assinada, com a justificativa de viabilizar a solução de uma necessidade específica para o Natal, com 39%. Eles acreditam que o alto custo da carteira pode atrapalhar as contratações.
Dentre os empresários que precisam reforçar a mão de obra de suas entidades, 54% disseram que farão ou já fizeram contratações temporárias, sendo que 56% não tem a intenção de efetivar nenhum dos funcionários após o período de fim de ano e 28% pretendem contratar de um a cinco colaboradores.
Em comparação ao ano passado, 22% dos empregadores que terão mão de obra adicional acreditam que a contratação de funcionários para o final deste ano será menor, ante a 18% que estimam uma expansão e 48% que visam o mesmo resultado. Uma das razões para a diminuição no número de contratações é o não aumento no volume de clientes, com 35%.
“O último trimestre do ano traz sempre grandes expectativas para o comércio e o setor de serviços, que costumam ampliar estoques e fazer investimentos para atender a demanda normalmente aquecida das festas do Natal e Réveillon. Neste ano, porém, a crise econômica deverá novamente inibir o volume das tradicionais contratações de mão de obra temporária e também de trabalhadores efetivos”, explica o presidente do SPC, Roque Pellizzaro Junior.
Vendas de fim de ano
Mesmo com a baixa estimativa de contratações para o final do ano, os empresários se mostram otimistas no que se diz respeito ao volume de vendas, com crescimento de 1%. Ainda que não seja um percentual elevado, é significativo no confronto com igual período do ano passado, quando a expectativa era pessimista, com o aguardo de uma queda de 4,6%.
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“O estudo revela que a tímida melhora do cenário econômico, promovida sobretudo pela queda da inflação, das taxas de juros e pela tímida melhora nos níveis de desemprego, parece em alguma medida ter injetado boas expectativas nos empresários brasileiros”, ressalta Pellizzaro.
Aproximadamente 71% dos entrevistados apostam que as vendas das festas de final de ano serão iguais ou melhores do que as de 2016. A estimativa de crescimento nas vendas avançou de 23% para 38% na base comparativa anual, com mais 15 pontos percentuais. Além disso, essa é a primeira vez nos últimos dois anos que a expectativa positiva, com 38%, supera a neutra, com 34% e a negativa, com 21%.
Os principais motivos para a espera de uma melhora nas vendas são a alta nas vendas em outras datas comemorativas e as mudanças na política e na economia nacional, com respectivamente, 20% e 19%. Em contrapartida, a mesma percepção de mudança no cenário político e econômico, com 33% e o desemprego, com 29%, são evidenciados como as principais causas para o pessimismo com as vendas neste final de ano.
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Predileções
O levantamento também mostrou o perfil preferido para as contratações do período, sendo que 45% dos empresários pretendem contratar pessoas do sexo feminino e 31% se mostram indiferentes a essa questão. Já 55% contratarão trabalhadores com até 34 anos, 40% buscam por funcionários com ensino médio completo e 44% solicitam que os candidatos tenham experiência anterior na área, enquanto outros 44% não têm nenhuma exigência de competência ou cursos.
Entre os profissionais mais procurados, 35% são vendedores, 16% ajudantes para vendas, reposição e serviços gerais e 10% balconistas. Segundo os empresários, estes trabalhadores prestarão serviços entre três a cinco meses e receberão um salário mínimo e meio mensal, cerca de R$1.400. A carga horária será entre sete e oito horas diárias. Cerca de 19% dos empresários consultados já contrataram nos meses de agosto e setembro. 31% contratarão em outubro e 21% em novembro.
Para a especialista econômica, Marcela Kawauti, o comportamento otimista moderado de parte do empresariado é justificável, já que o Brasil apresenta alguns sinais de recuperação. “Um dos piores efeitos da crise é a retração do consumo, em virtude do desemprego e da queda do poder de compra. Com o consumidor temeroso de gastar, o empresariado não tem perspectiva de vender mais e não vê necessidade em contratar mais pessoas e fazer investimentos”.
Investimentos
O reflexo de baixa expectativa para as vendas afeta a realização de investimentos no final do ano. Em 2017, aproximadamente 27% dos empresários dos setores de comércio e serviços estimam investir em seus negócios para o período do Natal, com um resultado maior do que o observado no ano passado, de 22%.
A ampliação de estoque, com 52%, o aumento na variedade de produtos e serviços, com 33% e a comunicação e divulgação da empresa, com 22%, foram as estratégias de investimentos mais citadas, frente às demandas do Natal e do Réveillon. Por outro lado, a justificativa mais usada pelos 70% que não pretendem investir é a falta de necessidade diante da baixa perspectiva de crescimento da demanda, com 51%.
Metodologia
Para este levantamento do SPC Brasil e da CNDL 1.168 empresários de serviços e comércio varejista localizados nas capitais e interior do País foram consultados. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais, com um intervalo de confiança de 95%.
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