O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu nesta quarta-feira (6) a possibilidade de rever projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano e para 2018. Durante participação na solenidade de posse do novo presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Marcelo Barbosa, no Rio de Janeiro, o líder da equipe econômica do governo analisou o cenário para os próximos meses.
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"Os números estão muito fortes e positivos. Estamos, sim, analisando isso com seriedade", disse Meirelles . A previsão para este ano é que o PIB cresça, aproximando-se de 1%. Para o ministro, o mais importante é que a previsão de crescimento no último trimestre do ano, comparado ao mesmo período de 2016, indique crescimento forte. "Um crescimento acima de 2%. E mais importante ainda é que o ritmo de crescimento no final do ano deve estar acima de 3%", afirmou.
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Na visão do ministro, a expansão do PIB deverá ser puxada pelo consumo das famílias. "É o normal, porque, quando a economia começa a crescer, saindo de uma recessão, existe muita capacidade ociosa nas empresas. Então, é absolutamente normal que o consumo tenha que aumentar primeiro, para as empresas começarem a produzir e a partir daí investirem para expandir essa produção e aumentar a produtividade".
Meirelles ainda destacou que, apesar de o total de investimentos ter caído, a retração mais forte foi registrada na construção civil, devido à quantidade de imóveis novos à venda e à longa recessão econômica. Ainda assim, o investimento em máquinas e equipamentos pela indústria cresceu. "Significa que as empresas já estão de fato acreditando e investindo no incremento da produção futura", disse.
Devoluções do BNDES
Questionado sobre a possibilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devolver recursos ao Tesouro Nacional no próximo ano, o ministro afirmou que o banco tem excesso de caixa e, no ano passado, já fez uma devolução de R$ 100 bilhões.
"Isso é muito importante porque não tem sentido o governo estar pagando taxas de juros de mercado para captar seus recursos, em última análise, pagos pelo contribuinte, pela população, e emprestando esse dinheiro para o BNDES a taxas de juro abaixo das do mercado, quando o BNDES, por algum tempo, não tem demanda para isso e aplica esse dinheiro no mercado financeiro. Não há justificativa técnica para isso", analisou.
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Segundo Meirelles, o assunto é discutido com o banco para se chegar aos R$ 130 bilhões mencionados por ele na terça-feira (5). Nesta quarta, uma devolução menor do que a estimada foi admitida pelo ministro. "Não temos um número", disse. "Foi meramente exemplificação". Ele acrescentou que tudo será feito dentro das possibilidades de aplicação de recursos da estatal e que o fluxo de caixa da instituição será analisado com cuidado.
Candidatura à presidência
Henrique Meirelles também foi perguntado sobre uma eventual candidatura nas eleições presidenciais do ano que vem. O ministro da Fazenda, no entanto, disse que não considera nenhuma possibilidade agora, a não ser o foco total na economia brasileira e no retorno do crescimento econômico. "Eu sou um candidato a ajudar o Brasil a voltar a crescer. E como ministro da Fazenda", afirmou, sorrindo.
* Com informações da Agência Brasil.