Pesquisa realizada pela Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE) apontou que diversas profissionais, que se tornaram mãe, estão fora do mercado de trabalho. Das 247.455 mulheres que participaram dos estudos, metade delas estava com a carreira interrompida 12 meses após o início da licença maternidade.
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A FGV informou que os dados referem-se às trabalhadoras do setor privado e que os pesquisadores acompanharam, até o ano passado, a carreira de mais de 247 mil mulheres de 25 a 35 anos até o momento da licença maternidade, sendo que o afastamento ocorreu entre os anos de 2009 e 2012. A pesquisa utilizou informações do Ministério do Trabalho .
Quando começa o afastamento por meio de licença maternidade , direito esse garantido por lei, todas as participantes do estudo estão empregadas. Um mês após a licença, ou seja, no quinto mês após o afastamento, 5% dessas 247.455 mulheres estão fora do mercado de trabalho. Esse percentual sobe para 15% no sexto mês. Ao fim de 12 meses após o início do benefício, 48% das trabalhadoras já estão fora dos seus postos de trabalho. No segundo e terceiro anos subsequentes, o percentual de afastamento permanece neste mesmo patamar.
Análise feita pela professora da FGV EPGE, Cecilia Machado (que divide a autoria do estudo com Valdemar Neto, aluno de doutorado), apontam que as demissões ocorridas foram sem justa causa, porém não significa que somente o empregador optou pelo desligamento. "Em muitos casos, as mulheres não retornam às suas atividades porque não têm com quem deixar os filhos pequenos. E por conta da indenização do FGTS , existem incentivos para acordos de rescisão contratual por iniciativa do empregador", explica Cecilia.
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Escolaridade
A escolaridade da mulher tem influencia nesse cenário. A pesquisa apontou que quanto maior o nível de instrução da profissional, maiores as chances de permanecer no mercado de trabalho após a maternidade.
O percentual de afastamentos 12 meses após o início da licença maternidade era de 51% para mulheres com escolaridade inferior ao ensino fundamental completo; 53% para quem tinha o ensino fundamental completo; 49% para aquelas com o ensino médio completo; e 35% para as que tinham escolaridade acima do ensino médio.
A taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho é bem mais baixa do que a dos homens, segundo os dados de 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, em torno de 65% das mulheres com idade entre 25 e 44 anos estavam empregadas na semana de referência da pesquisa. Para os homens, o percentual era de 88%. Levando-se em consideração apenas empregos com maiores demandas de horas – 35 horas ou mais por semana –, esta taxa cai relativamente mais para mulheres: a taxa fica em 45% para as mulheres e 77% para os homens.
A presença de um filho pequeno na família é um grande responsável para a diminuição das perspectivas de carreira das mulheres no mercado de trabalho. O percentual de mulheres empregadas entre 25 e 44 anos e com um filho de até um ano de idade cai para 41%. E somente 28% destas mulheres trabalham 35 horas ou mais por semana no Brasil. No caso dos homens, o perfil é oposto: 92% dos homens com filhos de até um ano estavam trabalhando, sendo que 82% em atividades com 35 horas ou mais de carga horária semanal.
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