Você já ouviu falar em economia colaborativa? Também conhecida como economia compartilhada ou em rede, o modelo abrange a prática da divisão de produtos e serviços , sem que todos os consumidores precisem adquiri-los de fato. Fortemente estimulada pela tecnologia, promove uma adequação nas relações trabalhistas, já que o prestador de serviços passa a ter direito sobre o negócio. A Uber e a Airbnb são exemplos populares desse movimento.
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Impulsionando uma nova percepção sobre o consumo e evidenciando os problemas sociais e ambientais, a economia colaborativa mostra a importância de optar pelo compartilhamento ao invés de o acúmulo, o que tem impactado significantemente o modo como os negócios são feitos. Para o advogado especializado em direito de imigração e mercado financeiro e de capitais, Daniel Toledo, a crise global em alguns setores, as atuais tecnologias, a nova forma de comunicação e as preocupações com as questões ambientais e sociais embasam este novo modelo.
Além disso, proporcionar um consumo consciente estimula a otimização do uso de meios e recursos e a reciclagem, sendo mais bem sucedida em grandes metrópoles, por conta da quantidade de pessoas. “Não podemos imaginar um formato econômico como este, tendo alguma significância, sem que grandes mercados ou setores passem a aderi-lo. Porém, fatalmente, cidades do interior sentirão seu reflexo por geralmente dependerem de recursos oriundos das grandes capitais”, comenta o advogado.
Riscos e benefícios
Menores custos, economia para o consumidor final, melhor utilização dos recursos naturais, menos poluição e resíduos e principalmente, maiores investimentos em tecnologias alternativas estão entre os principais benefícios oferecidos. Já o desemprego é apontado como sua maior desvantagem.
“Certamente este modelo proporciona um consumo mais consciente, menos oneroso e também mais inteligente porque o consumidor "leva para casa" apenas o que precisa. Mas poucos falam dos riscos para países em crise, como o Brasil. Este formato econômico pode trazer enormes prejuízos como desemprego e queda na produção, além de já ter demostrado uma queda significativa em alguns setores da indústria e comércio. Ainda é uma forma necessária e moderna de consumo, mas em alguns momentos de crise, este pode ser um fator a mais de risco e deve ser observado”, alerta Toledo.
Porém, mesmo com os riscos, o advogado não descarta a possibilidade desse tipo de economia se tornar predominante no País, ainda que não substitua totalmente algumas necessidades supridas e trazidas pelo capitalismo. Também poderá ser uma fase de impacto na relação entre o consumidor e os bens materiais, já que precisará se adaptar. Toledo ressalta que para os compradores dessa geração não há um momento adaptativo por estarem em constante contato com recursos tecnológico, que ajustam seus costumes de consumo.
Para o especialista, aqueles que implementarem a economia compartilhada e estiverem dispostos a estudar falhas de mercado, explorando-as com novas tecnologias, poderão potencializar os negócios. E foi isso o que fez Saulo Miranda, juntamente da equipe da startup Lockey .
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Mudanças e expectativas
Miranda afirma que o uso desse modelo partiu do prisma de gerar ganhos mútuos, onde todos saem com bons resultados. O projeto intitulado “Campanha de Indicação” da plataforma digital, iniciado no começo deste mês de agosto, oferece uma renda extra para aqueles que indicarem imóveis disponíveis para serem alugados para a startup.
Segundo Saulo Miranda, a expectativa é que, com a campanha, a startup aumente em 400% o número de imóveis cadastrados, além da pretensão de ter 40% de imóveis locados ao final da ação, em dezembro deste ano. No que se diz respeito aos ganhos financeiros, a estimativa é que sejam movimentados, no mínimo, R$ 300 mil para todos os envolvidos.
“A Lockey tem objetivos de crescimento muito arrojados e esse crescimento não pode ser obtido sozinho. Contamos com uma equipe que nos ajuda a desenvolver o negócio, mas entendemos que para dar um salto maior precisamos ampliar o nosso alcance. Dessa forma, não existe nada melhor do que trazer a população para participar desse desenvolvimento. Todos saem ganhando: as pessoas ganham uma remuneração pelas indicações que fizerem e locações realizadas, a Lockey reduz seu custo de captação e aumenta sua base de imóveis e o usuário - potencial inquilino - em busca de imóveis, conta com uma maior diversidade para escolher a opção que mais se adequa às suas necessidades”, ressalta.
A campanha da startup tem três objetivos principais: fomentar a plataforma trazendo mais imóveis para locação; fazer com que as pessoas se tornem agentes do negócio e gerar ganhos financeiros para todas as partes, ou seja, para quem indica, para o proprietário e para a própria empresa. Assim, após o contato inicial, os consultores imobiliários da plataforma anunciarão o imóvel em seu site.
Caso o proprietário se interesse em fazer o cadastro, a pessoa que indicou o estabelecimento será informada e a Lockey pagará R$30 por imóvel sugerido. Quando o espaço for alugado pela empresa, quem indicou também receberá 10% do valor do primeiro aluguel.
O empresário afirma que, mesmo sem terem colhido os frutos desse modelo por conta do pouco tempo de campanha, estão confiantes de que conseguirão alcançar seus objetivos, que no primeiro momento é aumentar a base de imóveis. A próxima etapa consiste em melhorar a conversão de locações.
“A cada dia as empresas precisam inovar para crescer e a economia no Brasil não está muito fácil. A economia colaborativa faz com que todos cresçam juntos e o sucesso do negócio seja dividido entre as partes envolvidas. Estamos lançando esse projeto agora e estamos bem otimistas para que seja uma ideia que perpetue ao longo do desenvolvimento da empresa. A partir das experiências, as pessoas poderão ver como o modelo em rede beneficia muito os envolvidos. Em muitos dos casos, como na Lockey, pensamos que o modelo colaborativo é mais eficiente, inclusive, que uma expansão por via tradicional”, conclui.
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