O Ministério da Agricultura anunciou, nesta quinta-feira (6), que três unidades de dois frigoríficos perderão seus registros, também conhecidos como SIF, por conta de investigações relativas à Operação Carne Fraca. A medida afeta unidades da Peccin (SIFs 825 e 2155) e da Central de Carnes (SIF 3796), que terão unidades totalmente interditadas e produtos recolhidos. Os locais já estavam com a produção suspensa desde março.
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O ministério não informou o motivo exato para o cancelamento dos registros das empresas. No entanto, ao anunciar o balanço das auditorias de 21 estabelecimentos suspeitos desde a deflagração da Operação Carne Fraca , o secretário-executivo do Ministério de Agricultura, Eumar Novacki, afirmou que "outros frigoríficos também poderão ter o registro cassado, na medida em que nossas auditorias avancem". Segundo ele, "todos os que erraram terão de pagar pelo erro. Não importa se são grandes ou pequenas empresas".
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Segundo Novacki, o ministério irá intensifcar a fiscalização e antecipar o calendário de auditorias. O governo afirmou já estar realizando ações em Pernambuco, Bahia, Tocantins, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Para reduzir a possibilidade de fraudes, os fiscais terão rodízio com troca de posições e até possíveis substituições entre superintendentes.
"Queremos que essas auditorias nos deem a situação real de como estão funcionando os serviços de inspeção em cada estado. Todos os resultados serão divulgados e compartilhados com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal", disse o secretário.
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O objetivo do governo é reconquistar a confiança de mercados consumidores da carne brasileira e mostrar a preocupação com a qualidade dos produtos de origem animal no país. Para isso, Novacki deverá viajar, nas próximas semanas, para se reunir com autoridades de Irã, Egito e Argélia. Em maio, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, visitará a China, Hong Kong, Emirados Árabes, Árabia Saudita e países da Europa para intensificar negociações com importadores da carne brasileira.
Auditoria
De acordo com o secretário, o ministério recolheu 302 amostras de produtos para realizar a auditoria. Desse total, 31 amostras tiveram problemas de ordem econômica , isto é, não são necessariamente fraudes, mas não observância de normas técnicas, como excesso de amido em salsicha ou adição de água, além do permitido, em frango, por exemplo.
Na auditoria, o Ministério da Agricultura encontrou ácido sórbico, um conservante proibido. Os produtos irregulares foram produzidos pelos frigoríficos Souza Ramos, no município de Colombo (PR). Também foi encontrado excesso de amido em salsichas produzidos por unidades da Peccin, de Curitiba (PR) e de Jaraguá do Sul (SC).
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Outras oito amostras tiveram pequenos problemas, mas capazes de afetar a saúde pública . Em sete delas havia a presença de salmonela, encontrada em hambúrgueres produzidos pelo frigorífoco Transmeat, dono da marca Novilho Nobre. Segundo o ministério, a produção da empresa foi fechada e os lotes foram recolhidos no dia 23 de março e, posteriormente, destruídos.
A outra amostra, uma linguiça produzida pelo frigorífico FrigoSantos, continha a bactéria estafilococos. "Esta análise só ficou pronta hoje [quinta-feira, 6] pela manhã, sendo determinado o recolhimento preventivo da linguiça e interdição desta linha de produção", informou o secretário-executivo.
Operação Carne Fraca
A operação da Polícia Federal deflagrou esquema que envolvia o pagamento de propina por parte de donos de frigoríficos a agentes fiscalizadores do Ministério da Agricultura. Segundo a PF, empresários pagavam para obter certificados de qualidade sem comprová-la, o que permitia "maquiar" produtos que não atendiam às normas técnicas e comercializar carnes inadequadas. Entre as empresas envolvidas nas investigações da Operação Carne Fraca, estão a JBS e a BRF, as duas maiores produtoras nacionais, que agregam marcas como Friboi, Seara, Sadia e Perdigão.