O recuo da inflação em 2016 foi causado, principalmente, pela baixa atividade econômica. Economistas consultados pela Agência Brasil lembram que os altos índices de endividamento e desemprego influenciaram o resultado, ao reduzir o consumo das famílias e favorecer o controle dos preços acompanhados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A queda do índice também permitiu a redução da taxa básica de juros.

Em sua primeira reunião de 2017, Copom anunciou redução da Selic; queda foi causada por conta de recuo da inflação
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Em sua primeira reunião de 2017, Copom anunciou redução da Selic; queda foi causada por conta de recuo da inflação

Em nota, o Banco Central justificou a mudança por causa de projeções que indicam uma retomada econômica ainda mais "demorada e gradual" do que o previsto anteriormente. Apesar das causas, eles avaliam como um fato positivo para a economia a dupla queda da inflação e dos juros . Na quarta-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o  IPCA terminou 2016 em 6,29% . A meta era 4,5%, mas a margem de dois pontos percentuais para mais ou menos fez o resultado ficar abaixo do teto de 6,5% estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

No fim da tarde, após a primeira reunião em 2017, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a redução da Selic de 13,75% para 13% ao ano . A queda surpreendeu o mercado, que projetava recuo de 0,5 ponto percentual. O IPCA é o principal dado que o Copom leva em consideração para decidir sobre a taxa básica de juros. Quando o índice está em alta, o comitê eleva a Selic para aumentar o controle sobre os preços. Quando ele está em queda, é possível reduzir os juros.

O economista Marcos Melo, professor de Finanças do Ibmec-DF, lembra que queda de juros não pode ser totalmente comemorada. "Embora o fato de a inflação ficar abaixo do teto da meta seja um aspecto positivo, isso aconteceu porque a atividade econômica está muito baixa. Temos nível de desemprego alto, falta de confiança para fazer investimento, inadimplência alta de pessoas e empresas”, afirma.

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Apesar do cenário de recessão econômica, Melo acredita que o movimento trará bons resultados. "Quando você tem uma taxa de juros mais baixa, tem acesso a crédito. Por outro lado, isso possibilita o aumento do nível de emprego e da renda da população", lembra. O economista espera que os juros para empréstimos caiam em poucos meses, mas esclarece que os sinais de reativação da economia devem aparecer de forma modesta. "A gente deve ter uns sinais de melhoria, mas nada muito contundente".

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Segundo o economistas Antonio Porto, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), os anúncios feitos por IBGE e Copom revelam que "baixou a febre" do País. "Não é a cura ainda", destaca. "A inflação, que era o principal, baixou. Com isso, pôde-se baixar o juro alto. Isso deve estimular a economia. Começou a dar certo. O fato é que o crédito em geral fica mais barato e pode ser que estimule as empresas, as pessoas a comprarem em vez de aplicar financeiramente o dinheiro. Além de você ter o próprio efeito do anúncio, que é mais psicológico”, completa.

O governo comemorou a inflação abaixo do teto  da meta de 2016. Em evento no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer afirmou que o número divulgado pelo IBGE sinaliza que o governo está no caminho certo. Temer ainda disser que o índice deve chegar ao centro da meta, 4,5%, em 2017.

* Com informações da Agência Brasil.

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