A pouca opção de produtos orgânicos no mercado nacional fez com que a goiana Leila Oda criasse a marca Terra Madre – Orgânicos e Saudáveis em 2014. Com investimento inicial e próprio de R$ 400 mil, a empreendedora demorou 10 meses para abrir o seu negócio e sentiu na prática as dificuldades do setor de produtos orgânicos: a falta de fornecedores e de conhecimento sobre o mercado.
+ Empreendedorismo: 12 passos difíceis, mas necessários para alcançar o sucesso
Motivos pessoais também foram fatores determinantes para Leila sobre o modelo de negócio que iria abrir. “Por 28 anos fui funcionária pública e por 14 trabalhei como psicóloga ao mesmo tempo. Ao me aposentar resolvi empreender e foi à busca por uma melhor qualidade de vida que me inspirou a investir no mercado de produtos orgânicos ”, disse a empresária.
Outro fator que foi decisivo na escolha do mercado de produtos saudáveis foi a perda de seu pai de apenas 54 anos. “Ele era um homem saudável que praticava exercícios e deu até aula de Judô durante um bom tempo. Mas, um incidente no tatami o fez deixar de praticar exercícios”, explicou Leila.
A fatalidade e o apoio familiar deram forças à empresária que, antes de se aventurar, resolveu se aprofundar no segmento para evitar prejuízos. “Foram quatro consultorias envolvidas no projeto. A primeira empresa contratada nos trouxe problemas e tivemos que rescindir o contrato. Após a seleção de outras empresas conseguimos tirar do papel a Terra Madre – Orgânicos e Saudáveis”. Leila explicou ainda que pagou aluguel por oito meses sem utilizar o espaço, tudo para que o projeto fosse para frente. “É muito difícil encontrar o ponto comercial ideal e quando encontrei, optei por pagar mesmo sem utilizar o espaço”, afirmou Leila. E, aos 50 anos e após muita insistência, hoje a Terra Madre atua com franchising.
+ 7 filmes a que todo empreendedor deveria assistir
Mercado promissor
Estudo divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e realizado pela Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (da sigla em inglês IFOAM), apontou que a América Latina representa apenas 23% do mercado mundial de agricultura orgânica certificada, ou seja, 8,1 milhões de hectares. O índice é igual ao europeu e segundo o estudo, o maior produtor é a Oceania com 35%. E encontrar produtores certificados foi um dos desafios da Leila Oda.
“Eu fiz questão de acompanhar tudo de perto. Fui visitar fazendas e compreender a forma produtiva para escolher os fornecedores”, explicou. Leila ressaltou ainda que a os produtos industrializados e adquiridos no atacado tem preço mais atrativo, mas não a mesma qualidade dos naturais. “Hoje tenho na loja mais de 200 produtos diferentes entre hortaliças, frutas, produtos sem lactose, sem açúcar e sem glúten”.
Superando obstáculos
Para a empresária, além das dificuldades em encontrar fornecedores certificados, convencer o consumidor do ganho em qualidade de vida que ele terá ao comprar produtos orgânicos é outro entrave. “A população busca por produtos mais baratos nos supermercados e isso é uma das dificuldades que tenho enfrentado”, disse ela.
O valor dos produtos orgânicos chega a ser o dobro dos convencionais. “As frutas, que têm impacto da sazonalidade, são mais caras. Por exemplo, um supermercado pode vender o quilo da pera por R$ 4 eu vendo a R$ 8. Já com as hortaliças sou mais competitiva. Os supermercados vendem um pé de alface por R$ 4 ou vendo o orgânico a R$ 5”.
Mesmo com as dificuldades Leila projeta em curto prazo – dois anos – ter faturamento de R$ 2 milhões com a rede de franquias Terra Madre – Orgânicos e Saudáveis. Atualmente a marca já contabiliza 12 lojas entre abertas e contratadas em cidades como Goiânia, Brasília, São Luís e no Rio de Janeiro. A meta é fechar 2016 com 20 unidades comercializadas e chegar a 40 até o final de 2017.
+ Empreendedorismo: as 5 maiores desculpas que atrapalham seu negócio