No mundo empresarial, é comum ouvir o termo "startup". A definição dessa palavra representa empresas – geralmente de tecnologia – que estão iniciando sua operação no mercado. Estas companhias ainda não têm seu desenvolvimento completo e, por isso, passam pela fase de pesquisas.
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O espírito empreendedor das empresas é uma das características do startup. A modalidade, desde sua proliferação durante a bolha da internet, é baseada na ideia de fazer um trabalho que foge do comum e pode assegurar um bom lucro. Uma companhia que atua nestes moldes, portanto, transforma seu trabalho em dinheiro a partir do modelo de negócios implementado. Cabe a cada empresa encontrar o plano ideal.
Existem, no entanto, algumas divergências em relação à definição exata do conceito que nomeia estas empresas. Há especialistas que afirmam que qualquer companhia iniciante no mercado se encaixa nesta modalidade, enquanto outros dizem que é necessário ter sido fundada com baixos custos e crescer rapidamente, garantindo uma lucratividade grande para se enquadrar neste conceito.
Apesar das discordâncias, a ideia de que a empresa precisa apresentar um trabalho inovador, que mostre a possibilidade de um futuro promissor, com um bom modelo de negócios, é consenso para que as organizações sejam encaixadas nesta categoria.
Investimento nas empresas
O quadro geral de empresas neste modelo prevê que a maioria delas já seja fundada com uma boa perspectiva de gerar receita. Isso faz com que seja mais fácil atrair investidores para colocar dinheiro na companhia e fazer com que ela cresça ainda mais rapidamente, tendo em vista que o dinheiro será somado a um trabalho diferenciado, capaz de solucionar problemas e facilitar a vida de muitas pessoas.
É possível que estas empresas criem um modelo de negócios em que sejam, até mesmo, compradas integralmente por organizações maiores, mas também existe a possibilidade de surgir um investidor-anjo interessado no negócio.
Um investidor-anjo é uma pessoa física que coloca seu próprio dinheiro na empresa em que deseja investir e aposta no modelo de negócios. Geralmente são pessoas experientes no ramo empresarial, que, além de capital, também ajudam as companhias iniciantes com seus conhecimentos no mundo do empreendedorismo.
Nestes casos, os investidores não passam a agregar alguma função executiva na startup. O trabalho deles costuma ser apenas como o de um "conselheiro", dando suporte ao empreendedor responsável pela empresa.
O que é uma startup?
Em resumo, para uma empresa ser considerada uma startup ela precisa se enquadrar nos seguintes parâmetros, sendo o primeiro e mais importante ser uma operação em fase inicial:
1- Ter uma proposta inovadora para apresentar ao mercado;
2- Ter um modelo de negócio escalável;
3- Ser desenvolvida em uma base tecnológica;
4- Primordial ter baixo custo para iniciar as atividades;
5- Ser apresentada ao mercado com uma ideia com potencial de se transformar em negócio.
Cases de sucesso
O conceito de startup passou a ser difundido no Brasil em 2011. O formato é simples, se enquadra como startup uma ideia inovadora que seja capaz de ter alta rentabilidade em curto período de tempo. Exemplificando, o Uber é um caso clássico, que em pouco tempo foi difundido pelo mundo, trouxe lucro aos fundadores Travis Kalanick, Garrett Camp. A empresa foi fundada em 2009 e mesmo com toda polêmica que envolve o uso de aplicativos de motoristas particulares, a precificação dos serviços, a remuneração dos motoristas e demais temáticas relacionadas ao assunto, ela se consolidou como uma empresa de tecnologia de mobilidade que deu certo.
O seu desenvolvimento e ideia inovadora deixou os taxistas brasileiros em pânico, o que gerou muitas desavenças entre as categorias e o tema precisou ser discutido na esfera política. No País, é discutida uma regulamentação ao uso do aplicativo de mobilidade.
Assim como a ideia de inovação, a necessidade de gerar valor aos consumidores é fundamental para os empreendedores com ideias geniais. Logo, a replicação do modelo de negócios acontece e é justamente nesse momento que a inovação tem que prevalecer. No mercado hoje temos outras startups de mobilidade humana, sendo elas a Cabify, que nasceu na Espanha em 2011 e tem o mesmo conceito que o Uber, o de oferecer motoristas particulares 24 horas.
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Com uma política de precificação agressiva, sempre com promoções e parcerias para desconto para viagens, a Cobify fará investimentos no Brasil na ordem de US$ 200 milhões. O valor foi anunciado no final de março de 2017 pelo CEO e fundador da empresa, Juan de António, durante sua visita a São Paulo. Em abril foi confirmada pela filial brasileira do app.
Na época, o diretor geral da Cabify no Brasil, Daniel Velazco-Bedoya, afirmou que a empresa tinha uma boa visão do mercado brasileiro de tecnologia para mobilidade, sendo que mesmo em ano de crise econômica foi feito o aporte milionário. “Temos um apetite de crescimento bastante forte e esse investimento vem no momento certo para que possamos ampliar ainda mais nossa estrutura e nosso time. Estamos com um ritmo de contratações acelerado e vamos aumentar ainda mais nossa oferta de vagas disponíveis”, disse o executivo.
Foram mencionados dois cases, mas existe um número – e ele é crescente – de startups que têm apostado na mobilidade urbana. Easy e 99 são apenas alguns dos concorrentes que buscam pegar uma fatia desse mercado.
Outros setores também contam com ideias inovadoras como o segmento pet; statups que oferecem serviços para facilitar a vida dos consumidores; ideias relacionadas ao segmento de educação a distância; iniciativas relacionadas ao segmento financeiro também estão despontando em todo o território nacional.
Crescimento exponencial
Dados consolidados no setor no Brasil são escassos, mas é possível ter uma noção do quanto esse tipo de empreendedorismo pode fomentar os negócios e a economia brasileira. No ano passadoum estudo apontou que entre junho de 2014 e junho de 2015 as startups estruturadas no mercado brasileiro movimentaram financeiramente R$ 784 milhões. O montante representa crescimento de 14%, isso mesmo dois dígitos em um País em crise econômica, a mais que o igual período de 2013 e 2014. Vale ressaltar que o crescimento ocorreu no período conturbado na economia e política brasileira, que resultou na recessão que ainda persiste.
Acompanhando esse crescimento, os investidores anjos cresceram 3% no período, ao passar de 7.060 para 7.260. As informações foram retiradas da Pesquisa Lado A e Lado B do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), publicado em 2015.
A pesquisa identificou ainda que os empreendedores desse setor são jovens, com média de 33 anos e têm alto grau de escolaridade. Quase metade deles, ou seja, 48% dos empreendedores tinha emprego antes de iniciar a startup; depois disso, 73% passaram há dedicar seu tempo integralmente a ela.
A pesquisa do Sebrae identificou também os segmentos que recebem o maior número de aportes vindo de investidores. Foi identificado que operações relacionados ao setor de serviços são as que mais recebem aporte, com 97% de busca por inovações nesse nicho por parte dos investidores. Em seguida, os setores mais procurados são: comércio com 50%, indústria com 47% e o agronegócio com 23% de interesse por parte dos investidores.
Dentro do setor de serviços, os nichos de preferência desses endinheirados em busca de um negócio inovador está educação com 30% de interesse, seguido de tecnologia com 30%; saúde com 27% de interesse, transporte/mobilidade urbana com 22% e serviços financeiros com 17%.
A maioria dos investidores, ou seja, 80% deles têm por costume procurar startups já em fase de operação. Entretanto, 63% afirmaram também buscar empreendedores na ideação, ou seja, ainda estruturando seu negócio. Sobre o valor dos investimentos, os aportes variam de R$ 50 mil a R$ 3 milhões.
Apoio ao empreendedorismo
Um número significativo de entidades e empresas que operam no País têm desenvolvido projetos, como uma espécie de incubadora, para fomentar esse mercado no País. Entre as entidades e empresas que têm apoiado essas ideias inovadores está o Sebrae, a Vallourec Soluções Tubulares do Brasi, o Consulado da França, Fundep e Fundepar e co-realizada pela TecMall, SEBRAE, FAPEMIG, SIMI, Governo de Minas e UFMG – por meio do programa Lemonade, entre tantas outras iniciativas públicas e privadas. Em São Paulo, uma das iniciativas que tem tido grande destaque é a da a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) – por meio do Concurso Acelera Startup .
Nas últimas edições do evento, foram recebidas mais de 22 mil inscrições de todo o Brasil e participaram mais de 300 mentores e mais de 250 investidores. Somando as edições anteriores (2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016), o evento já gerou investimentos de mais de R$ 10 milhões. No site da entidade é possível encontrar todas as informações sobre o concurso.
Uma iniciativa que está com as inscrições abertas é a EDP Open Innovation 2017. Os interessados de qualquer localidade podem se candidatar até o dia 23 de agosto, por meio do site edpopeninnovation.edp.pt. Em seguida, os grupos serão avaliados por um júri formado por representantes da EDP e do Grupo Impresa, empresa de comunicação parceira da companhia na edição deste ano. Os 15 melhores serão levados para um programa de aceleração em Portugal, no qual terão a chance de desenvolver e testar a solidez e a viabilidae dos seus negócios.
Tem uma ideia inovadora? Que tal tirá-la do papel!
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