A crise econômica afetou os investimentos em 2015 e as perspectivas para 2016. Segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), feita com 860 grandes empresas (com 250 ou mais empregados), 64% das companhias pesquisadas pretendem investir este ano, o menor percentual da série histórica, iniciada em 2010. Em 2015, 74% das empresas investiram. O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira (18).
Entre as que planejam investir, 67% pretendem tocar projetos já em andamento e 33% devem iniciar novos empreendimentos, o menor percentual da série. De acordo com o estudo, 46% vão apostar na melhoria ou na introdução de novos processos e 18% em desenvolvimento de produtos.
O gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, destacou que o dado positivo é que os investimentos estão voltados para inovação,com melhoria de processos produtivos. “Isso significa aumento de produtividade. Estão melhorando o processo produtivo, pensando em atender o mercado externo. Não tem crescimento via investimento, consumo ou gasto do governo. O único meio é a demanda externa, um mercado que está crescendo pouco, mas está crescendo”, destacou.
A pesquisa também revela que o número de empresas cujo foco principal é o mercado interno caiu de 68% em 2015 para 62%, este ano.
De acordo com as empresas que não pretendem investir, a principal razão é a incerteza econômica (92%). A ociosidade elevada (ou a reavaliação de demanda) foi o segundo item mais apontado (65%). Em terceiro lugar, ficou o custo do crédito, com 41% das respostas.
Em 2015, entre as empresas que investiram, 67% destinaram os recursos para a continuação de projetos anteriores. Entre as empresas, 86% compraram máquinas e equipamentos. Dessas, 55% adquiriram máquinas e equipamentos nacionais e 23%, principalmente ou exclusivamente importados. A pesquisa foi feita entre 9 de novembro e 14 de dezembro do ano passado.
Fonseca destacou, ainda, que as empresas estão com “séria” dificuldade para conseguir recursos para investimento. Segundo a pesquisa, em média, 72% dos investimentos realizados em 2015 foram financiados com recursos próprios, contra 61%, em 2014. Em contrapartida, os investimentos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), bancos regionais de investimentos e comerciais públicos (Caixa Economica e Banco do Brasil) caíram de 26% em 2014 para 18%, no ano passado.
Fonseca acrescentou que as companhias estão com situação financeira debilitada, devido ao aumento de custos e dificuldades de vender os produtos. “Mesmo as empresas que desejam investir não conseguem por falta de recursos”, disse.