Mudança no comando da Petrobras pode levar mais de um mês
Redação 1Bilhão
Mudança no comando da Petrobras pode levar mais de um mês

De acordo com fontes no alto escalão da Petrobras, a mudança no comando da estatal decidida pelo governo na noite desta segunda-feira (23) não será imediata. Para ser efetivado no comando da empresa, o novo presidente vai ter que ser nomeado integrante do Conselho de Administração.

Esta será a terceira vez, em menos de quatro anos, que o presidente Jair Bolsonaro troca o comando da Petrobras. O governo dele começou, em 2019, com Roberto Castello Branco, indicado pelo ministro Paulo Guedes, à frente da estatal. Ele foi substituído no ano passado pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, que caiu um ano depois pelo mesmo motivo do antecessor: desagradou a Bolsonaro com a manutenção dos reajustes dos combustíveis seguindo a cotação internacional do petróleo.

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José Mauro Coelho caiu em desgraça logo em 9 de maio, após a Petrobras anunciar aumento de 8,8% do diesel, e agora deixa o cargo após apenas 40 dias. Só que trocar o presidente da maior estatal brasileira, uma empresa de capital misto com ações negociadas em Bolsa, não é simples.

O processo começou com uma carta, enviada nesta segunda-feira (23) por José Roberto Bueno Junior, chefe do Gabinete do Ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em que pede ao presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Márcio Weber, providências para convocar Assembleia Geral Extraordinária de acionistas com o "objetivo de promover a destituição e eleição de membro do Conselho de Administração", referindo-se a Coelho.

Além de presidir a estatal, ele ocupa um dos seis assentos da União entre os 11 do colegiado.

Para Caio Mario Paes de Andrade assumir a empresa no lugar de José Mauro Ferreira Coelho, ele precisa primeiro ser eleito pelos acionistas membro do conselho, para depois ser escolhido pelo colegiado para a presidência. O governo, como maior acionista, tem condições de aprovar o nome dele nas duas instâncias, mas é preciso seguir uma série de ritos e regras.

Como Coelho foi eleito para o conselho por meio do sistema de voto múltiplo, uma nova assembleia de acionistas terá de ser convocada e uma nova eleição dos conselheiros terá de ser feita.

Fontes dizem que isso pode levar mais de um mês até que as mudanças ocorram. Até lá, o presidente da Conselho de Administração ou o diretor financeiro podem assumir interinamente o comando da estatal.

Segundo uma fonte do setor, a mudança no comando da Petrobras pegou de surpresa diretores e conselheiros, já que havia uma indicação de o comando da estatal "trabalhar em parceria com o governo" para achar uma solução para os preços.

A demissão de José Mauro Ferreira Coelho da presidência da Petrobras pegou de surpresa o alto escalão da empresa. De acordo com fontes, embora uma saída já fosse esperada, a velocidade da notícia foi uma surpresa até para o aliados do governo Jair Bolsonaro dentro da companhia. 

Segundo fontes, a demissão foi classificada como uma "loucura". Outros afirmaram que o próprio Coelho, embora animado com o novo cargo, já esperava uma decisão do governo após a demissão de Bento Albuquerque do cargo de Ministro de Minas e Energia, que o escolheu para o cargo e de quem fora auxiliar na pasta.

Segundo relatos de amigos próximos, Coelho foi pego de surpresa com o comunicado da Petrobras na noite desta segunda-feira. Até às 15h, contou um interlocutor, ele não sabia desse cenário. 

José Mauro Coelho esteve com o presidente Jair Bolsonaro na semana passada em evento do Rio, eles se cumprimentaram, mas a demissão não teria sido tratada. Para representantes do setor privado, a demissão dele mostra como o governo não respeita a liturgia do cargo na estatal, que tem regras próprias de governança e ações negociadas na Bolsa.

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