Fundo Monetário Internacional
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Fundo Monetário Internacional

Os problemas persistentes na cadeia de abastecimento e aumentos de preços estão complicando a recuperação da economia global no pós-pandemia, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (12), reduzindo as perspectivas de crescimento para os Estados Unidos e outras economias importantes.

Em seu relatório World Economic Outlook, o FMI reduziu a previsão de expansão do PIB global para 5,9% este ano, ante 6% estimado em um relatório inicial em julho. A agência deixou as estimativas para 2022 inalteradas em 4,9%.

No caso do Brasil, houve redução de 0,1 percentual nas estimativas para este ano em relação aos números de abril. O FMI agora espera que o Brasil cresça 5,2% em 2021 e 1,5% em 2022, em meio a um rápido ciclo de aperto nas condições monetárias para controlar a inflação.

"Esta modesta revisão das projeções, no entanto, contém reduções significativas para alguns países", disse o FMI no relatório.

A manufatura global foi atingida pela escassez de componentes-chave, como semicondutores, portos entupidos e falta de contêineres de carga, além de uma crise de empregos, à medida que as cadeias de suprimentos tentam se tornar mais eficientes após os fechamentos gerados pela pandemia no ano passado.

"As perspectivas para o grupo de países em desenvolvimento de baixa renda escureceram consideravelmente devido ao agravamento da dinâmica da pandemia. O rebaixamento também reflete as perspectivas de curto prazo mais difíceis para o grupo de economias avançadas, em parte devido a interrupções no abastecimento".

O descompasso entre oferta e demanda, alimentado em parte pelo excesso de poupança acumulado nos países ricos, elevou os preços, causando picos de inflação. O FMI disse que espera que a inflação volte aos níveis anteriores à pandemia no ano que vem, mas alertou que interrupções persistentes no fornecimento carregam o risco de anular essas expectativas.

EUA

Os Estados Unidos suportam grande parte desses efeitos negativos sobre a economia, o que levou o FMI a reduzir sua estimativa de crescimento em 2021 em um ponto percentual para 6%, de 7% em julho, um ritmo que não era visto desde 1984.

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O crescimento dos EUA pode desacelerar ainda mais, disse o FMI, porque suas previsões presumem que o Congresso - profundamente dividido em várias questões - aprovará os planos de gastos com infraestrutura propostos pelo presidente Joe Biden, avaliados em US $ 4 trilhões.

Os legisladores agora estão tentando chegar a um consenso sobre um pacote menor, e o FMI disse que uma redução significativa nos planos de gastos diminuiria as perspectivas de crescimento para os EUA e seus parceiros comerciais.

O relatório, que foi divulgado no início das reuniões do FMI e do Banco Mundial, também cortou as previsões de crescimento para outras economias industrializadas. O crescimento alemão desacelerou em meio ponto percentual em relação à previsão de julho para 3,1%, enquanto a expansão do Japão foi reduzida em 0,4 ponto percentual para 2,4%.

A previsão do FMI para o crescimento do Reino Unido em 2021 caiu apenas 0,2 pontos percentuais, para 6,8%, dando-lhe a estimativa de expansão do PIB mais rápida de todas as economias do G7.

A previsão de crescimento da China para 2021 foi reduzida em 0,1 ponto percentual para 8,0%, uma vez que o FMI citou uma redução mais rápida do que o esperado nos gastos com investimento público.

Lacunas na vacinação

O relatório também alertou para uma perigosa divergência nas perspectivas econômicas impulsionada pela "grande lacuna vacinal", com países de baixa renda, onde 96% da população permanece sem inoculação, enfrentando crescimento mais lento por períodos mais longos.

Mais pobreza e expectativa de alta inflação

"Estima-se que mais 65 milhões a 75 milhões de pessoas cairão na pobreza extrema em 2021 em comparação com as projeções pré-pandemia", disse o relatório, acrescentando que os países de baixa renda precisavam de cerca de US$ 250 bilhões em gastos adicionais para combater a Covid-19 e recuperar o caminho da expansão.

Prevê-se atualmente que esses países terão uma produção acumulada no próximo ano, que ficará 6,7% abaixo dos níveis pré-pandêmicos. Enquanto isso, as economias avançadas terão uma produção de 2022 quase 1% acima dos níveis pré-pandêmicos, disse o FMI.

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