Ao longo da pandemia de Covid-19, 89 municípios ficaram sem qualquer agência bancária após fechamentos em massa, já que a crise sanitária acelerou o processo de digitalização do sistema financeiro. As informações são da Folha de S. Paulo.
De acordo com os últimos números divulgados pelo Banco Central, de agosto deste ano, 2.427 cidades brasileiras não possuem agência bancárias, número que representa 43,4% dos municípios. Em março do ano passado, no início da pandemia, eram 2.338 (41,9%).
No período, também subiu o número de cidades que, além de não terem agências bancárias, também não têm qualquer ponto de atendimento físico ou caixa eletrônico. De março de 2020 a agosto de 2021, o número foi de 377 para 384. Ao todo, pelo menos 2.080 agências foram fechadas durante a pandemia.
Os bancos argumentaram à Folha que o aumento do uso dos canais remotos e o processo de digitalização foram intensificados durante a pandemia. "A inclusão digital promovida é maior que a perda com fechamento de agências", afirma o professor de finanças da FGV Rafael Schiozer ao jornal.
Para pessoas de baixa renda e com pouco acesso à internet, porém, o fechamento de agências físicas torna tudo mais complicado. "Em alguns municípios do Amazonas e em populações ribeirinhas é uma verdadeira peregrinação. Por vezes as pessoas demoram cinco dias para chegar à cidade mais próxima que possui caixa eletrônico e pode acontecer de não ter mais dinheiro no terminal porque muita gente saca ao mesmo tempo", relata à Folha Joaquim Melo, coordenador da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, que cita até dificuldades para saque do auxílio emergencial.