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Texto-base da reforma foi aprovado na Câmara dos Deputados na noite da última quarta-feira (10)
Reprodução/Câmara dos Deputados
Texto-base da reforma foi aprovado na Câmara dos Deputados na noite da última quarta-feira (10)

O projeto ainda em andamento no Congresso e que levará alguns meses até passar por todos os crivos para a aprovação final é efetivamente o que se pode definir como a reforma da Previdência possível, com todas as nuances, eventuais mudanças de rumo, ajustes e enxertos que retratam de maneira cristalina o conjunto de forças da sociedade brasileira.

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Os lobbies de última hora, as resistências políticas, as intervenções indevidas do chefe da Nação, as ausências sentidas de estados e municípios no texto, cada um dos capítulos dessa odisseia traduz à exaustão o que é o País de hoje: um conjunto multifacetado de interesses que, na prática, guardam pouca coisa em comum.

Os setores privilegiados tentaram e continuam tentando manter suas vantagens. Os policiais apadrinhados por Bolsonaro lutam por uma integralidade do benefício e pela paridade indevida com profissionais da ativa. Querem se aposentar com 100% da última remuneração do cargo efetivo que ocupam e o direito a receber os mesmos aumentos dos colegas da ativa.

Sem contar o desejo de eliminação da idade mínima para requerer a aposentadoria. No caso específico, vale o registro de que uma emenda constitucional de 2003 acabou com os regimes de integralidade e de paridade.

A volta ao sistema configuraria um precedente e um retrocesso gigantesco. E nesse jogo de pressões e acordos paralelos, a reforma vai tomando as feições finais. As peças ainda estão sendo lançadas. O presidente Bolsonaro fala em corrigir “equívocos”, um eufemismo para introduzir mudanças simpáticas aos grupos de interesse que lhe dão sustentação.

De uma coisa ninguém mais duvida e já há aí um enorme avanço: todos concordam que é reformar ou reformar o sistema. Uma pesquisa recém-concluída dá conta de uma reviravolta no ânimo geral da população quanto ao tema. Pela primeira vez, a maioria se mostrou a favor da reforma.

O reflexo desse sentimento é direto e automático no comportamento dos parlamentares . É preciso de todo modo se ter em mente que a reforma não é uma bala de prata. Trata-se de um paliativo. Sem ações adicionais no campo econômico, dificilmente a retomada se dará no ritmo desejado. Existe uma extensa lista de medidas a ser adotadas de imediato para a reversão da crise e uma reportagem especial nesta edição trata a fundo o assunto.

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Quanto ao ânimo em voga no País, é preciso manter o otimismo. De uma maneira ou de outra, os passos estão sendo dados na direção correta, com o apoio e esforço de todos os poderes constituídos. Quem sabe logo virão mais boas novas.

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