Lobby contra a Previdência está em Brasília, não no resto do Brasil, diz Guedes
Sem citar servidores públicos, ministro defendeu que o sistema atual é uma "fábrica de privilégios" e que a reforma proposta quer reduzir desigualdades
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira (22) não ter dúvidas de que a reforma da Previdência será aprovada pelo Congresso com uma previsão de economia de cerca de R$ 1 trilhão. Guedes, porém, se queixou de que as forças contrárias à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) estão concentradas em Brasília, e não no resto do Brasil – mas sem citar os servidores públicos.
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"A Previdência atual é uma fábrica de privilégios, tira dos menos favorecidos e transfere aos mais ricos. O que estamos querendo fazer é reduzir as desigualdades, e é evidente que o lobby contra a reforma está aqui em Brasilia, não é o Brasil. Tem muita gente investindo dinheiro em publicidade e se mobilizando no aeroporto, recebendo os parlamentares", acusou Guedes.
Segundo o ministro, é " fake news " dizer que a reforma vai prejudicar os mais pobres. Ele deu como exemplo o valor da aposentadoria média do Legislativo, em torno de R$ 28 mil, montante que chega a ser 20 vezes maior do que a de alguém que recebe pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Guedes ainda afirmou que o sistema atual é uma "arma de destruição de empregos" que quebrou e está condenado. O ministro destacou que, se há alguns anos havia 14 contribuintes para um idoso, a conta hoje é de sete por idoso e, dentro de 40 anos, a proporção será de dois por um. "[Mas] Com a aprovação da reforma , vamos passar a crescer até 3,5% ao ano", garantiu.
O economista voltou a defender, com ênfase, o sistema de capitalização previsto na reforma, chamado por ele de poupança garantida. Por esse mecanismo, o trabalhador contribuirá mensalmente para sua futura aposentadoria. Para o ministro, é uma "burrice colossal" dizer que esse tipo de poupança não serve para os pobres.
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"No regime de poupança garantida , o jovem está levando recursos para o futuro. Em vez de entregar para o governo, o dinheiro fica no nome dele, no banco que ele escolher. Lá na frente, ele terá pelo menos um salário mínimo por mês. Se for menos, a gente completa; se o banco falir, o Estado garante. Vamos democratizar a poupança", explicou.