Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
"Hoje, o maior inimigo da reforma é o governo", disse Marcelo Ramos (PP), presidente da comissão especial da Previdência

O deputado federal Marcelo Ramos (PP), presidente da comissão especial da Câmara que analisa a reforma da Previdência, criticou a falta de habilidade do governo federal para se articular no Congresso. Ramos citou a devolução do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) para o Ministério da Economia, que pode, na visão do parlamentar, atrapalhar as negociações em favor da reforma.

"Agora, a confusão que decorreu disso faz dar passos atrás [no debate da Previdência], porque criou conflitos internos dentro de partidos que tem simpatia pela reforma, criou conflitos com o presidente da Câmara, descumpriu um acordo construído anteriormente e, acima de tudo, bagunçou a Casa", disse. "O governo é muito inábil nesse trato com o Congresso. Hoje, o maior inimigo da reforma da Previdência é o governo."

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O presidente da comissão também adiantou que as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e nas aposentadorias rurais e de professores não devem passar na comissão especial. Ainda assim, Ramos acredita ser possível assegurar uma economia de R$ 1,1 trilhão em dez anos. "O tamanho da reforma vai depender da capacidade de parlamentares de resistir à pressão de organizações de servidores", afirmou.

O parlamentar ainda confirmou o calendário da comissão especial que trata da PEC (Proposta de Emenda à Constituição), prevendo audiências públicas até o fim de maio e discussões sobre a reforma ao longo de junho. "Do fim da audiência pública em diante, o tempo é o da política, da capacidade de o governo articular os votos necessários para a matéria. Não adianta eu concluir o trabalho da comissão para levar para o plenário e perder", alertou.

Capitalização

Quanto à proposta de criar um sistema de capitalização, em que cada trabalhador faz sua própria poupança visando à aposentadoria, Ramos criticou a falta de capacidade do governo para explicar quem vai pelos assegurados que permanecerem no sistema atual, de repartição.

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De acordo com o deputado, ainda não há segurança do País e do Congresso para votar a reforma da Previdência . "O governo não apresentou quanto é esse estoque [de aposentadorias por repartição] e quem vai pagar. Se não houver nada extraordinário, uma explicação clara do governo, acho difícil prosperar um sistema de capitalização puro", opinou.

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