Um estudo realizado com base em dados oficiais revela uma realidade que vai na contramão das tendências ambientais mundiais para a redução de CO 2 e outros compostos químicos responsáveis por problemas como o aquecimento global. De acordo com o levantamento Nada se perde com dados: um panorama de sustentabilidade do setor automobilístico brasileiro , realizado pela Vertown a partir de números do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (SEEG), em 2022 o setor de transportes brasileiro foi responsável por gerar 216.877.617 toneladas de CO 2 .
O relatório aponta que 11% das emissões totais de gases do efeito estufa no país são feitas pela cadeia produtiva automobilística como um todo, incluindo incineração de resíduos e queima de combustíveis fósseis. Só com o processo de fabricação de automóveis, por exemplo, foram 1.492.641 toneladas de CO 2 liberadas na atmosfera.
“Quando falamos do setor automobilístico, grande parte das emissões ainda está relacionada à queima de combustíveis, mas também tem todo o processo de fabricação dos materiais que é considerado nessa conta”, explica Guilherme Arruda, CEO da Vertown. Além do cálculo das emissões diretas pelos escopos 1 e 2, o impacto de toda a cadeia produtiva, contemplado pelo escopo 3, também é avaliado no estudo.
Emissão a partir da produção de combustíveis fósseis
Segundo os dados do SEEG, a produção de combustíveis fósseis no país, em 2022, resultou na emissão de aproximadamente 54.285.592 toneladas de CO 2 . As emissões pelo setor de transportes variam significativamente de acordo com os estados.
Em 2022, o recorte teve como mais poluentes os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Pará. Veja a lista completa.
- Acre: 479.386 toneladas
- Alagoas: 1.746.909 toneladas
- Amapá: 564.178 toneladas
- Amazonas: 2.986.531 toneladas
- Bahia: 10.641.662 toneladas
- Ceará: 5.159.632 toneladas
- Distrito Federal: 3.123.067 toneladas
- Espírito Santo: 4.531.340 toneladas
- Goiás: 9.296.663 toneladas
- Maranhão: 5.017.790 toneladas
- Mato Grosso: 8.592.126 toneladas
- Mato Grosso do Sul: 4.911.224 toneladas
- Minas Gerais: 23.089.261 toneladas
- Pará: 8.010.034 toneladas
- Paraíba: 2.200.373 toneladas
- Paraná: 18.130.716 toneladas
- Pernambuco: 6.084.146 toneladas
- Piauí: 2.223.974 toneladas
- Rio de Janeiro: 12.516.210 toneladas
- Rio Grande do Norte: 2.224.235 toneladas
- Rio Grande do Sul: 14.519.198 toneladas
- Rondônia: 2.632.306 toneladas
- Roraima: 614.754 toneladas
- Santa Catarina: 11.595.515 toneladas
- São Paulo: 48.787.097 toneladas
- Sergipe: 1.514.651 toneladas
- Tocantins: 3.254.557 toneladas
Comportamento dos consumidores e empresas em relação ao ESG
Na discussão sobre veículos híbridos ou elétricos, fomentada, principalmente, pelo Programa Mover, do governo federal, Arruda avalia que o Brasil está em uma posição privilegiada em comparação a outros países. “Mesmo adotando uma postura mais passiva em relação aos elétricos, o país tem uma estratégia interessante com as fontes de energia renovável e o fortalecimento do álcool”, comenta.
O estudo da Vertown aborda também o comportamento dos consumidores, que parece estar alinhado ao quesito sustentabilidade. Entre os 200 respondentes da pesquisa, 60,6% avaliam os critérios ESG como importantes ou muito importantes na hora de escolher uma marca do setor automobilístico. Além disso, 35,6% afirmaram que estão dispostos a pagar um preço ligeiramente maior por produtos/empresas que adotarem práticas ambientais responsáveis.
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“Temos visto o consumidor, de forma geral, muito mais preocupado com o que as marcas que eles consomem realmente estão fazendo no quesito sustentabilidade”, diz Arruda. “É uma grande oportunidade de sair do âmbito do marketing e chegar no verdadeiro ESG.” No entanto, 89,2% das pessoas afirmaram que não acreditam que as empresas do setor comunicam de maneira efetiva suas ações de sustentabilidade, transparência de dados, governança e social (57,8%) ou não têm certeza de que isso é feito (31,4%).
Segundo o CEO da Vertown, as companhias têm sido movidas por dois fatores: a maior conscientização do consumidor e as exigências da legislação. Ele defende que as empresas devem começar fazendo um diagnóstico completo dos três escopos, e devem se atentar à transparência e à divulgação de relatórios de sustentabilidade, ou começarão a ser punidas. “Se as empresas não agem pelo amor, vão agir pela dor.”
Confira o levantamento na íntegra.
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