Mudar para uma cidade grande, no exterior, e ter uma vida nova, cheia de glamour, é o maior sonho de muitas pessoas. Mas a vida em metrópoles tem um custo alto na maioria das vezes. Ainda mais se as cidades escolhidas forem Hong Kong, Paris ou Zurique, as mais caras do mundo , aponta um estudo publicado na edição desta quarta-feira (18) da revista "The Economist".
As duas cidades europeias passaram à frente de Cingapura e Osaka, que empataram com Hong Kong na Pesquisa Mundial de Custo de Vida anterior, divulgada em março. A "dança das cadeiras" no ranking é especialmente marcante desta vez, já que o relatório avalia o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre os preços em todo o mundo.
Ainda na comparação com o estudo de março, Nova York perdeu um lugar e se situa na sétima posição, assim como Genebra, e Los Angeles caiu para o nono lugar, juntamente com Copenhague.
Assim, o ranking das dez cidades mais caras do mundo ficou: Hong Kong, Paris e Zurique no topo, seguidas de Cingapura, Tel Aviv, Osaka, Genebra, Nova York, Copenhaguem e Los Angeles.
Levando em conta os últimos 12 meses, Teerã deu o maior salto, subindo 27 colocações, passando da 106ª posição para a 79ª, devido ao impacto das sanções americanas, que afetaram o abastecimento, aponta o relatório The Economist Intelligence Unit (EIU), que avalia 133 cidades globais e compara o preço de uma cesta de 138 itens de uso diário em cada uma dessas localidades.
Rio de Janeiro e São Paulo perderam 23 posições e ficaram, juntas, na 119ª colocação. Isso ocorreu, segundo a EIU, devido à desvalorização do real, além dos "níveis crescentes de pobreza".
Damasco, na Síria, é a cidade com o menor custo de vida, seguida por Tashkent, no Uzbequistão, Lusaka (Zâmbia), Caracas (Venezuela) e Almaty (Cazaquistão).
Os 10 últimos colocados são completados por Karachi (Paquistão), Buenos Aires (Argentina), Argel (Argélia) e Bangalore e Chennai (Índia).
Flutuações do câmbio na pandemia
O impacto da pandemia sobre o dólar foi a principal causa da variação do custo de vida em muitos países, destaca a pesquisa.
"A pandemia fez com que o dólar perdesse valor, enquanto as moedas do oeste europeu e do norte da Ásia ganharam força, o que teve consequências no preço de bens e serviços", destacou Upasana Dutt, que está entre os responsáveis pelo estudo.
"Paris e Zurique se uniram a Hong Kong no topo da lista devido à alta do euro e do franco suíço", indica o relatório, segundo o qual os preços em Cingapura caíram principalmente devido à redução da demanda causada pelo êxodo de trabalhadores estrangeiros.
Em Osaka, terceira maior cidade do Japão, "os preços de bens de consumo ficaram estagnados e o governo japonês subsidiou custos como o do transporte público", assinala o texto. A israelense Tel Aviv aparece junto com Osaka entre as dez cidades mais caras.
As flutuações cambiais devido à pandemia — que incluiu uma queda do dólar americano — significam que os destinos na África, nas Américas e na Europa Oriental ficaram mais baratos desde março, enquanto a Europa Ocidental, onde o euro subiu em valor em relação ao dólar, viu os preços subirem. O franco suíço também aumentou de valor.
Em algumas cidades, as ações do governo provocaram mudanças nos preços . Alguns países — como a Argentina — impôs novos controles de preços em meio à alta demanda de compradores em pânico. Outros aumentaram os impostos para compensar as reduções de receita.
Por exemplo, a queda do preço do petróleo levou o governo saudita para aumentar o imposto sobre valor agregado (IVA) de 5% para 15% a partir de julho de 2020. destaca o relatório.
Além disso, muitos países viram uma queda acentuada na renda disponível, apesar do apoio do governo. Por precaução, os consumidores responderam economizando mais e cortando custos.
O estudo aponta ainda que mudanças no estilo de vida causadas pela pandemia também influenciaram os preços, já que os consumidores que ficaram em casa passaram a ter uma nova visão dos bens e serviços que consideram essenciais.