O Banco Popular da China agiu para estabilizar o yuan, sinalizando que as autoridades desejam conter as perdas da moeda, proporcionando alguma estabilidade nos mercados financeiros globais, e rejeitou a acusação de manipular a moeda para ser competitiva, na primeira resposta oficial depois que o Departamento do Tesouro dos EUA rotulou o país como um manipulador de moeda, pela primeira vez desde 1994.
Nesta terça-feira (6), o BC chinês anunciou a venda planejada de títulos denominados em yuan em Hong Kong e fixou sua taxa de referência diária em 6,9683 por dólar, mais forte do que a previsão de 6,9871 em uma pesquisa da Bloomberg com 19 traders e analistas.
O yuan foi negociado pela última vez em 7,0340 por dólar, enquanto a taxa no exterior subiu 0,4%, para 7,0698. As ações aconteceram um dia depois que o banco central do país desvalorizou a moeda chinesa na menor cotação em uma década em retaliação a novas tarifas americanas.
O banco central da China
informou ainda que venderá 30 bilhões de yuanes (US$ 4,2 bilhões) em Hong Kong em 14 de agosto. O movimento normalmente drena a liquidezoffshore , tornando mais custoso reduzir o valor da moeda chinesa.
Em comunicado publicado em seu site, o BC da China afirmou que a decisão dos Estados Unidos de classificar o país como manipulador cambial vai "prejudicar seriamente a ordem financeira internacional e provocar caos nos mercados financeiros".
“A decisão dos EUA de intensificar as tensões cambiais na segunda-feira também irá impedir a recuperação econômica e do comércio globais", disse a autoridade mometária chinesa. “A China não usa e não usará a taxa cambial como uma ferramenta para lidar com as disputas comerciais", completou o banco.
"A China quer que a moeda tenha flexibilidade nos dois sentidos, mas não quer que o mercado entre em pânico", disse Larry Hu, diretor de economia da Macquarie Securities em Hong Kong. "O BPC permitirá que a cotação seja mais baseada no mercado, a menos que precise restaurar a confiança na moeda", acrescentou.
Na segunda-feira, a China permitiu que o iuan passasse de 7 por dólar, um nível-chave defendido pelas autoridades no passado, e culpou o protecionismo dos EUA. Enquanto uma moeda mais fraca ajudaria a compensar o impacto das tarifas mais altas sobre os bens chineses, um declínio descontrolado poderia causar instabilidade em seus mercados, bem como estimular a fuga de capitais — algo que as autoridades procuraram evitar nos últimos anos.
"O Banco Popular da China está enviando sinais de que gostaria de mitigar a depreciação do yuan", disse Frances Cheung, chefe da estratégia macro-asiática da Westpac Banking Corp., em Cingapura. "O yuan offshore enfrentou resistência em torno de 7,1intraday algumas vezes. Espero que fique próximo desse nível a curto prazo".
Guerra comercial se acentua
Os dois países aumentaram sua guerra comercial depois que Mnuchin e o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, voltaram de reuniões com seus homólogos em Xangai, na semana passada, sem avançar em um acordo para resolver reclamações americanas sobre as práticas econômicas da China. Trump determinou a aplicação de tarifas de 10% sobre os US $ 300 bilhões em importações chinesas para começar em 1º de setembro, a não ser que houvesse um avanço nas negociações.
Antes do anúncio do Departamento de Tesouro americano, o presidente Donald Trump chamou a queda do yuan abaixo do nível simbolicamente importante de 7 por dólar de "manipulação de moeda" . Ele indicou ainda que gostaria que o Federal Reserve neutralizasse o movimento.
A designação do país como manipulador de moeda não tem penalidades imediatas. O Tesouro normalmente faz as determinações em relatórios semestrais ao Congresso, mas a ação de segunda-feira saiu desse processo; o próximo relatório é esperado em outubro.
Reação nos mercados
A estabilização do yuan ajudou os principais índices acionários a reduzir parte das perdas no dia, mas ainda assim os mercados terminaram no vermelho. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, terminou com baixa de 1,07%, a a 3.636 pontos, enquanto o índice de Xangai caiu 1,56%, somando 2.777 pontos, no menor nível de fechamento desde fevereiro.
Em Tóquio, o índice Nikkei recuou 0,65%, a 20.585 pontos, enquanto que na Bolsa de Hong Kong, o índice Hang Seng registrou queda de 0,67%, a 25.976 pontos. Em Cingapura, o Straits Times desvalorizou-se 0,75%, a 3.170 pontos. Em Sydney, o índice S&P/ASX 200 recuou 2,44%, a 6.478 pontos.