Crediário e cartão de crédito são os maiores vilões dos brasileiros endividados
Em contrapartida, segundo levantamento, o cheque especial foi a modalidade que menos deixou os consumidores no vermelho no último ano
Por Brasil Econômico |
Mais da metade (58%) dos consumidores que recorreram ao crediário no último ano já ficaram endividados por atrasarem prestações, enquanto 48% dos usuários de cartão de crédito estão no vermelho por não pagarem a fatura. Os dados são resultado de um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
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A pesquisa, que traçou o perfil de 910 consumidores de todos os gêneros, regiões e classes sociais do Brasil, também mostrou que o cheque especial (30%) foi a modalidade que menos deixou os brasileiros endividados nos últimos 12 meses.
Antes de contratar algum tipo de crédito, segundo o levantamento, a maior parte dos consumidores costuma analisar os juros praticados durante o financiamento da dívida (71%) ou fazer um empréstimo (70%). Outros 45% confessaram ignorar as taxas do cheque especial e quase um terço (30%) reconhece que não avalia os encargos do cartão de crédito na hora de aceitar uma proposta.
Questionados sobre quais gastos com as modalidades de crédito monitoram melhor, 85% dos consumidores responderam que prestam mais atenção no cheque pré-datado, 77% nas parcelas do financiamento e 75% nas prestações do empréstimo. Com 31% e 30%, respectivamente, o crediário e o cartão de crédito são os menos controlados pelos brasileiros.
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Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o mau uso do crédito pode tornar a dívida difícil de pagar, principalmente com o país ainda se recuperando da crise econômica. “Em uma sociedade voltada para o consumo, o crédito fácil surge como um catalisador para o endividamento. O consumidor precisa ter consciência de que fazer um controle de suas finanças é essencial”, alertou.
Os maiores problemas
Um costume que pode ter sérias consequências para os consumidores é o de aceitar cartões de crédito sem avaliar sua utilidade. De acordo com a pesquisa, 41% dos brasileiros dizem sim a ofertas de bancos ou lojas, mas somente 15% destes aceitam a proposta se tiver isenção de anuidade e outros 15% se de fato precisarem.
A parcela de consumidores que consentem o aumento do limite de seu cheque especial, por sua vez, é de 37%. Quando recebem ofertas de crédito extra, apenas 19% concordam só em caso de real necessidade e 4% aceitam sem qualquer avaliação prévia.
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Entre os que dispensam as propostas dos bancos por enxergarem que não precisam de mais limite ou crédito (32%), a maior parte (52%) é composta de brasileiros com mais de 55 anos.
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A pesquisa ainda mostra que o cartão lidera o ranking dos instrumentos de crédito mais utilizados no último ano, por endividados ou não, com 67% das menções. Em seguida, aparecem o crediário (27%), como carnês, boletos e cartões de loja, o limite do cheque especial (17%), o empréstimo consignado em bancos (14%) e o empréstimo pessoal em bancos (12%).
Endividados em agosto
O percentual de famílias com dívidas no mês de agosto cresceu para 60,7%, segundo divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC) no último dia 5. No mês anterior, essa parcela era de 59,6%. A variação é a segunda alta consecutiva de 2018.
De acordo com a CNC, a porcentagem média da renda familiar comprometida com dívidas caiu na comparação anual, passando de 29,8% em agosto de 2017 para 29,6% em agosto deste ano. O problema, porém, é que 20,5% dos grupos familiares afirmaram ter mais da metade da renda mensal comprometida com pagamento de dívidas.
O indicador corrobora, em partes, com o levantamento da CNDL e do SPC, indicando que a dívida com cartão de crédito é a mais comum no país (76,8%). Os carnês apareceram em segundo lugar, com 14,2%.
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Em relação ao nível de endividamento, houve queda na parcela de famílias que se consideram “muito endividadas” entre agosto de 2017 e 2018, que passou de 14,8% para 13,5%. Por outro lado, o número de indivíduos que se definem como “mais ou menos endividados ” cresceu no período, passando de 22,9% para 23,3%.