Dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Banco Central, as taxas de juros do cheque especial e do cartão de crédito rotativo voltaram a cair no mês de junho e fecharam o primeiro semestre do ano abaixo do anterior, mas seguem muito altas.
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Juros do cheque especial
Segundo o BC, a taxa de juros do cheque especial fechou junho em 304,9% ao ano, uma redução de 7 pontos percentuais em relação ao mês de maio que fez com que o patamar se tornasse o amis baixo desde março de 2016 quando ficou em 300,8% ao ano.
Já no total do primeiro semestre do ano, os juros recuaram 18,1 pontos percentuais pois estavam em 323% ao ano em dezembro de 2017.
Parte desse resultado pode ser explicado pelas novas regras do cheque especial criadas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) que entraram em vigor este mês. Segundo elas, os clientes que utilizarem mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos vão receber a oferta de um parcelamento com taxa de juros menor do que a do cheque especial a ser definida pela instituição financeira.
Juros do cartão de crédito
Já a taxa média do rotativo do cartão de crédito também caiu e chegou a 291,9% ao ano, com redução de 11,7 pontos percentuais em relação a maio. No caso do consumidor adimplente, que paga pelo menos o valor mínimo da fatura do cartão em dia, a taxa chegou a 261,1% ao ano em junho, com aumento de 18,1 pontos percentuais em relação a maio.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central , Fernando Rocha, o aumento da taxa do rotativo regular em junho foi influenciado por elevação nos juros por dois bancos. Rocha acrescentou ainda que não é possível saber se outros bancos vão elevar os juros do crédito rotativo regular também. “Se esse aumento no mês vai se generalizar nas demais instituição ou vai refluir ainda não sabemos”.
Já a taxa cobrada dos consumidores que não pagaram ou atrasaram o pagamento mínimo da fatura (rotativo não regular) caiu 32,8 pontos percentuais, chegando a 313,3% ao ano. A taxa média é formada com base nos dados de consumidores adimplentes e inadimplentes.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. O crédito rotativo dura 30 dias. Após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida.
Em abril, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que clientes inadimplentes no rotativo do cartão de crédito passarão a pagar a mesma taxa de juros dos consumidores regulares. Essa regra entrou em vigor no mês passado.
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Mesmo assim, a taxa final cobrada de adimplentes e inadimplentes não será igual porque os bancos ainda podem acrescentar à cobrança os juros remuneratórios por dia de atraso, a multa e os juros de mora.
Modalidades caras de crédito
Apesar da redução das taxas do rotativo do cartão e do cheque especial, essas modalidades de crédito seguem sendo as mais caras entre as oferecidas pelos bancos de longe. A taxa do crédito pessoal, por exemplo, é mais baixa: chegou a 114,7% ao ano, em junho, a mesma taxa registrada em maio. Já a taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) caiu para 25% ao ano, com recuo de 0,4 ponto percentual.
Enquanto isso, a taxa média de juros para as famílias caiu 0,6 ponto percentual para 53,2% ao ano, em junho e a taxa média das empresas recuou 0,4 ponto percentual: agora é de 20,2% ao ano.
Já a inadimplência do crédito causada pelos consumidores que não conseguiram pagar as parcelas da dívida na data e condições combinadas, considerando atrasos acima de 90 dias para pessoas física permaneceu em 5%. No caso de pessoas jurídicas, também houve uma quedade de 0,3 ponto percentual para 3,8%. Esses dados são do crédito livre em que os bancos têm autonomia para palicar dinheiro captado no mercado.
Em 12 meses, a inadimplência para pessoas físicas caiu 0,8 ponto percentual e para as empresas, a redução chegou a 1,5 ponto percentual. “É uma trajetória de redução que parece consistente com o fim da recessão desde o ano passado”, disse Rocha.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura como os realizados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento [BNDS]) os juros para as pessoas físicas permaneceu em 8% ao ano.
A taxa cobrada das empresas, porém, teve retração de 0,3 ponto percentual para 8,9% ao ano. Já a inadimplência das pessoas físicas caiu 0,1 ponto percentual nessa modalidade para chegar em 1,9% e das empresas chegou a 1,2%, com redução de 0,6 ponto percentual em relação ao mês anterior.
Com essas condições, o saldo de todas as operações de crédito concedidas pelos bancos ficou em R$ 3,130 trilhões, com crescimento de 0,7%, no mês e de 1,2%, no ano. Em 12 meses, a expansão chegou a 1,7%. Esse estoque do crédito corresponde a 46,8% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB), com aumento de 0,1 ponto percentual em relação a maio.
De acordo com Rocha, a expansão do crédito, a queda da inadimplência e dos juros do cartão de cheque especial e do cartão de crédito são indicadores consistentes como a retomada gradual do crescimento da economia. “O país está retomando o crescimento gradualmente, o que contribui para aumentar a demanda e a oferta de crédito”, destacou.
O ritmo que isso está acontecendo, porém, é o que preocupa já que o empresários não retomaram os investimentos no mesmo patamar de antes da crise e o governo não está conseguindo fazer isso acontecer nem através da redução dos juros do cheque especial , nem de nenhum outro incentivador, fazendo com que o número de trabalhadores desempregados , desocupados ou subaproveitados continue muito alto.
* Com informações da Agência Brasil