Em recuperação judicial, Odebrecht deve R$ 22 bilhões a bancos públicos e a herdeiro, Marcelo Odebrecht
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Em recuperação judicial, Odebrecht deve R$ 22 bilhões a bancos públicos e a herdeiro, Marcelo Odebrecht

A dívida da Odebrecht com bancos públicos e o herdeiro da construtora, Marcelo Odebrecht, soma R$ 22,2 bilhões de um total de R$ 51 bilhões que serão reestruturados no processo de recuperação judicial,  aceito pela Justiça de São Paulo nesta terça-feira (18).

A dívida da Odebrecht com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ), incluindo o BNDESPar, é de R$ 10,1 bilhões. O Banco do Brasil é o segundo maior credor da empreiteira, com dívida de R$ 7,84 bilhões. A Caixa Econômica Federal tem mais R$ 4,16 bilhões a receber.

Entre os bancos privados, o maior credor é o Bradesco , com R$ 4,80 bilhões. Em seguida vêm o Itaú-Unibanco (R$ 3,98 bilhões) e o Santander (R$ 912 milhões). A lista chama atenção, ainda, por conta da presença de Marcelo Odebrecht , que tem R$ 16 milhões a receber da empresa. Ele não é o único ex-executivo citado, nem detém o maior crédito. O ex-CEO da empresa, Newton Sergio de Souza, que ocupou o cargo de 2015 e 2017, por exemplo, teria a receber R$ 285 milhões.

O débito dos bancos privados está garantido pelas ações da Braskem, controlada pela Odebrecht. As instituições receberam as ações da petroquímica como garantia ao reestruturarem as dívidas da companhia e injetarem mais R$ 2,5 bilhões na empresa, em 2018.

Uma fonte próxima às negociações explicou que a Caixa, diferentemente dos demais bancos, não tem como garantia as ações da Braskem. Por isso, o banco público vinha pressionando a Odebrecht a obter também essas garantias, que teriam que ser cedidas pelos outros bancos.

A pressão da Caixa aumentou depois que a Atvos, braço sucroalcooleiro do grupo, entrou com pedido de recuperação judicial, no final de maio deste ano, com dívidas de R$ 12 bilhões. Os bancos vinham tentando um acordo extrajudicial com a empreiteira, mas acabaram não conseguindo fechar uma proposta.

Também estão entre os credores da Odebrecht investidores estrangeiros que compraram bônus da companhia no exterior ao logo de vários anos. Esses papéis somam US$ 3 bilhões, o equivalente a R$ 12 bilhões.

Os bônus são garantidos pela construtora (OEC) e terão uma negociação separada. Com os problemas financeiros enfrentados pelo grupo depois que a Operação Lava Jato revelou o esquema de pagamento de propina a políticos para vencer licitações, esses papeis perderam valor. Hoje, segundo analistas de mercado, eles valem 10% de seu valor de face.

A expectativa de recuperação judicial da holding cresceu depois que fracassou a venda da Braskem para a holandesa LyondellBasell, em maio. Segundo fontes, os holandeses desistiram com a piora da situação financeira da Odebrecht. O pedido da Atvos para entrar em recuperação judicial foi um sinal de que outras empresas do grupo poderiam ir pelo mesmo caminho.

O pedido de recuperação judicial da Odebrecht , acatado pela Justiça, é considerado o maior da história brasileira .

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